São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

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"Perigos são reais", avisam promotores

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

"[Telecatch] é um entretenimento, mas os riscos são reais."
É com esse slogan que a WWE, principal firma promotora de telecatch nos EUA, define o espetáculo das lutas coreografadas, cujos programas lideram as audiências na TV a cabo dos EUA e são como novelas, com tramas e personagens.
A diferença é que as pendências são resolvidas nos ringues.
Os shows são planejados para potencializar a emoção do público. É uma prestidigitação.
A base do ringue é construída de modo a diminuir o impacto e acentuar o som dos corpos dos lutadores atingindo o tablado.
Até para receber cadeiradas há uma técnica. O manual do lutador ensina que o choque de uma superfície plana com outra igualmente plana é eficiente. O impacto da parte plana da cadeira e as costas de um lutador (outra superfície plana), faz barulho, deixa o local vermelho, mas não causa traumas.
Os locutores, mais do que narrar a ação, dentro e fora do ringue, acentuam o que o telespectador vê, com frases como, ""a cabeça de fulano acaba de amassar a mesa dos apresentadores" ou ""o principal golpe de fulano é como ser jogado de um prédio de 12 andares". Ao narrar os replays, eles acentuam mais a ação com "ahs" ou "ohs"".
Mas, como mostra o filme de Darren Aronofsky, só a minoria chega ao estrelato e salários que avançam à casa das centenas de milhares de dólares.
A maioria de lutadores tem como preocupação maior a gasolina para ir de cidade a outra se apresentar em shows em ginásios de escolas, como o personagem do ator Mickey Rourke, que participará do Wrestlemania, a principal programação do ano, em abril, nos EUA.
Randy ""The Ram" Robinson tem similares na realidade. ""The Snake" Roberts, ex-astro de pay-per-views, videogames e bonecos, por exemplo, não se adaptou à vida fora do ringue.
Já não consegue fazer uma luta só sem passar vexame.
Recentemente, visivelmente intoxicado, ficou só alguns segundos no ringue, mostrou a bunda para o público e aí chorou. Ele explica que, no auge da carreira, dormia com duas ou até três mulheres e que isso ""destruiu sua vida particular".
Poderia ser pior. O canadense Chris Benoit, ex-campeão mundial, no auge da carreira, assassinou a mulher e o filho de cinco anos e se enforcou. Sua família crê que foi resultado do acúmulo de concussões de tanto bater a cabeça no tablado.
Outro lutador, conhecido como Drosdov, quebrou a espinha após golpe mal-executado.
São essas armadilhas que planejam evitar Nigel McGuinness e Necro Butcher, da empresa Ring of Honor, e R-Truth, da WWE, performers que fazem ponta em ""O Lutador".


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