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Sebos elaboram sites e debatem futuro incerto
Livreiro tradicional se adapta à internet e oferece maior organização e conforto
Enquanto para alguns o fim
das lojas de rua é só questão
de tempo, "integrados"
defendem que amor pelo
livro garante perenidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Há quatro meses, o Sebo do
Messias, um dos maiores de
São Paulo e do país, alugou dois
pavimentos num subsolo contíguo à uma de suas lojas na
praça João Mendes, na Sé. Ali,
na carcaça de um velho estacionamento, instalou o setor de
internet de seu negócio.
Possui hoje dois acervos distintos, um somente para vendas virtuais no site próprio,
com 100 mil volumes, outro para os clientes das três lojas de
rua, com 150 mil títulos. "Se alguém compra um livro pela internet e alguém o tirou agora da
loja, seja para comprar ou por
desorganização, eu deixo o
cliente da internet na mão",
justifica Messias Antônio Coelho, 69, ex-lavrador mineiro
que está no ramo há 40 anos.
Ele afirma que não cadastra
seus livros em outros portais
("Quero andar com meus pés"),
mas outros livreiros asseguram
que o orgulho passa ao largo da
verdade: para alavancar o próprio site, contam, Messias põe
seus livros em páginas alheias
travestido com outro nome.
O Brandão também tem sites
próprios, mas diz que vende
muito mais pela Estante Virtual. Outros sebos tradicionais
do país, como A Traça (Porto
Alegre), o Osório (Curitiba), e o
Sebo Cultural de João Pessoa,
dono da maior acervo da Estante Virtual (85 mil volumes),
oferecem em suas páginas coleções on-line expressivas.
Para sobreviver, todos no setor, principalmente os menores, foram forçados a transgredir a velha imagem dos sebos. É
algo que fica nítido na rua Pedroso de Morais, em Pinheiros,
que reúne num quarteirão oito
lojas cujos diferenciais são organização e limpeza -e, em alguns casos, conforto e charme.
Isso não impediu que as vendas caíssem em até 50% nos últimos anos no local, especialmente nas lojas que não cadastraram acervos nos portais de
venda. Assim, prevalece entre
os livreiros de rua a ideia de que
o comércio on-line tem de ser
seu aliado, não inimigo.
"Com a "Estante", você ganha
uma fonte de receita regular,
com menos oscilação que a da
rua. Se está chovendo, como
nas últimas semanas em São
Paulo, a rua é um desastre", diz
o escritor e jornalista Bernardo
Ajzenberg, dono do sebo Avalovara, em Pinheiros, que faz 35%
de suas vendas pelo portal.
Se os "integrados" defendem
a adequação e dizem que o
amor ao livro manterá os sebos
de rua vivos, os "apocalípticos"
honram o nome. "A internet está tirando o leitor da loja. Num
futuro próximo não haverá
mais livraria no Brasil", prevê
Brandão Jr., do sebo homônimo.
(FABIO VICTOR)
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