São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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DANÇA

Bailarina clássica encara coreografia contemporânea em espetáculo que dirige ao lado da pianista Lilian Barretto

Ana Botafogo atravessa 3 etapas do amor

KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Que o amor é um assunto inesgotável ninguém discute, quanto mais "étoiles" como a bailarina Ana Botafogo, que resolveu fazer suas variações sobre o tema em pontas e meias-pontas.
Em solos, duos e trios, a mais conhecida bailarina clássica brasileira interpreta melodias arrebatadas de Villa-Lobos, Chico Buarque, Cartola, Tom Jobim, Astor Piazzola, entre outros, a partir de quinta, no teatro da Faap, em SP.
Com ela, dividem o palco os também bailarinos do Teatro Municipal do Rio Joseny Coutinho e Marcelo Misailidis, além da pianista Lilian Barretto e de um conjunto de seis músicos.
O espetáculo "Três Momentos do Amor" é dividido em três partes, que perpassam a encantadora "fase do conhecimento" e da paixão, bem como as de conflito, dúvida e angústia. As três possíveis interpretações do amor foram coreografadas por Heron Nobre, Renato Vieira e Luis Arrieta especialmente para Botafogo.
"São três interpretações diferentes, tanto musicalmente como na forma de dançar. Na primeira parte, faço algo mais ingênuo, na ponta, com o cabelo preso. Ao longo da coreografia, troco o par de sapatilha de ponta por outro de meia-ponta e os cabelos estão soltos para uma dança mais contemporânea", diz a bailarina à Folha.
A idéia de "Três Momentos do Amor" nasceu da parceria de Botafogo com a pianista Lilian Barreto. As duas assinam juntas a direção artística do espetáculo.
"Não queríamos fazer um espetáculo só de música ou só de dança. Procuramos unir a orquestra, os novos arranjos e os bailarinos ao vivo, de modo que pudéssemos destacar as duas artes", conta a pianista.
Nos passos coreografados por Heron Nobre, é valorizada a técnica clássica de Botafogo, conhecida também mundialmente por seu virtuosismo e carisma. É quando ela transpira a ingenuidade dos primeiros encontros. "Na primeira parte há uma espécie de brincadeira, quando eu danço um chorinho. Há também cenas mais melancólicas -evidentes na variação embalada pela música "Modinha" da "Suíte Brasileira Nš 2", de Lorenzo Fernandes."
Quando Botafogo troca as sapatilhas e desprende o coque, o espetáculo ganha ares mais modernos. E como é para uma bailarina tipicamente clássica dançar uma peça contemporânea?
"O bailarino deve estar preparado para qualquer tipo de dança. É preciso diversificar. Eu adoro o clássico, que inclusive é o meu estilo, mas também adoro sentir algo bater diferente dentro de mim quando interpreto uma dança moderna ou contemporânea."
A última parte concentra quatro músicas de Piazzola, entre elas "Años de Soledad" e "Adios Noniño". Nela, o tom visceral do autor conduz os passos dos pas-de-troix (dança para três pessoas) entrelaçados com a coreografia de Arrieta marcando encontros e desencontros. "Não há como não lembrar de Piazzola quando se fala de amor", derrete-se a pianista.
"Três Momentos do Amor" foi encomendado pelo Centro Cultural Banco do Brasil em 2001 e esteve em temporada-relâmpago por SP. Agora, na mesma cidade, inicia sua turnê nacional.


TRÊS MOMENTOS DO AMOR. Com Ana Botafogo e Lilian Barretto. Quando: do dia 18 ao 21 de março; qui. e sex., às 21h; sáb., às 18h e às 21h; e dom., às 18h. Quanto: de R$ 20 a R$ 40. Onde: teatro da Faap (r. Alagoas, 903, Pacaembu, tel. 0/ xx/11/3362-7233). Patrocinador: Ibope.


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