São Paulo, sexta-feira, 13 de março de 2009

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Fãs de Beatles sentem falta de guitarras em peça

A pedido da Folha, convidados comentam "Beatles num Céu de Diamantes"

Espetáculo que estreia hoje no teatro das Artes reúne dez cantores e três músicos que apresentam 46 canções do grupo inglês

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Sucesso de público no Rio, o musical "Beatles num Céu de Diamantes", espécie de voo livre sobre o repertório do quarteto inglês sem maiores ambições dramatúrgicas (não há enredo nítido), estreia hoje em São Paulo. Em cena, por uma hora e meia, dez cantores e três músicos passeiam por 46 canções do grupo. A Folha convidou dois aficionados pela banda para assistir a uma prévia do espetáculo, anteontem à noite.
Ao fim da apresentação, o presidente de um dos maiores fã-clubes brasileiros da banda, Marco Antonio Mallagoli, 56, elogia os vocais ("fantásticos, apesar de alguns exageros de programas de calouros"), mas sente falta do backing vocal em "Michelle". "E é um pecado cortar pela metade músicas como "Because"."
Marcus Rampazzo, 54, o George Harrison da banda cover Beatles 4ever, é mais rígido. "Não deviam ter mexido tanto na harmonia e nas cadências. Entortaram [canções como "Here, There and Everywhere'] com uma harmonia jazzística que a simplicidade dos Beatles nunca permitiu."
"É, quando veio "Here Comes the Sun" em ritmo de bossa, pensei: "Vai ferrar o show'", concorda Mallagoli, para logo relativizar: "Mas acabei vendo isso como [resultado de] uma adaptação para o teatro. A ideia não é fazer cover dos Beatles".

Pelé sem bola
"Acontece que a característica da banda era o violão e a guitarra. Como um espetáculo com músicas deles não tem nenhum dos dois [violoncelo, bateria e piano fazem o acompanhamento]? É como Pelé sem a bola", insiste Rampazzo. "Não me arrepiou, não teve uma parte que me tirasse lágrimas. Eles estavam com as armas, mas não souberam dar os tiros."
Mallagoli contesta: "Gostei muito de "Something'". "É, mas aquele solo de celo, imitando uma distorção de guitarra, doeu. O cara [instrumentista] ali pôs a cabeça a prêmio, coitado", retruca Rampazzo.
Apesar das ressalvas, ele exalta a afinação e a pronúncia dos cantores, além de aspectos técnicos do espetáculo, como a iluminação. "Ah, o solo de "The Long and Winding Road" e o medley de "Let It Be" e "Yesterday" também me impressionaram bastante", concede.
"O importante é que não estão deixando a obra dos Beatles ser esquecida. É super válido porque reeduca as pessoas que não tiveram oportunidade de escutar", conclui Rampazzo.


BEATLES NUM CÉU DE DIAMANTES
Quando: estreia hoje; sex., às 21h30, sáb, às 19h e às 21h30, e dom., às 19h; até 28/6
Onde: teatro das Artes (shopping Eldorado - av. Rebouças, 3.970, 3º piso, tel. 3034-0075)
Quanto: de R$ 60 a R$ 80
Classificação: não indicado a menores de 10 anos



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