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Fãs de Beatles sentem falta de guitarras em peça
A pedido da Folha, convidados comentam "Beatles num Céu de Diamantes"
Espetáculo que estreia
hoje no teatro das Artes reúne dez cantores e três músicos que apresentam 46 canções do grupo inglês
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Sucesso de público no Rio, o
musical "Beatles num Céu de
Diamantes", espécie de voo livre sobre o repertório do quarteto inglês sem maiores ambições dramatúrgicas (não há
enredo nítido), estreia hoje em
São Paulo. Em cena, por uma
hora e meia, dez cantores e três
músicos passeiam por 46 canções do grupo.
A Folha convidou dois aficionados pela banda para assistir a uma prévia do espetáculo,
anteontem à noite.
Ao fim da apresentação, o
presidente de um dos maiores
fã-clubes brasileiros da banda,
Marco Antonio Mallagoli, 56,
elogia os vocais ("fantásticos,
apesar de alguns exageros de
programas de calouros"), mas
sente falta do backing vocal em
"Michelle". "E é um pecado
cortar pela metade músicas como "Because"."
Marcus Rampazzo, 54, o
George Harrison da banda cover Beatles 4ever, é mais rígido.
"Não deviam ter mexido tanto
na harmonia e nas cadências.
Entortaram [canções como
"Here, There and Everywhere']
com uma harmonia jazzística
que a simplicidade dos Beatles
nunca permitiu."
"É, quando veio "Here Comes
the Sun" em ritmo de bossa,
pensei: "Vai ferrar o show'",
concorda Mallagoli, para logo
relativizar: "Mas acabei vendo
isso como [resultado de] uma
adaptação para o teatro. A ideia
não é fazer cover dos Beatles".
Pelé sem bola
"Acontece que a característica da banda era o violão e a guitarra. Como um espetáculo
com músicas deles não tem nenhum dos dois [violoncelo, bateria e piano fazem o acompanhamento]? É como Pelé sem a
bola", insiste Rampazzo. "Não
me arrepiou, não teve uma parte que me tirasse lágrimas. Eles
estavam com as armas, mas não
souberam dar os tiros."
Mallagoli contesta: "Gostei
muito de "Something'". "É, mas
aquele solo de celo, imitando
uma distorção de guitarra,
doeu. O cara [instrumentista]
ali pôs a cabeça a prêmio, coitado", retruca Rampazzo.
Apesar das ressalvas, ele
exalta a afinação e a pronúncia
dos cantores, além de aspectos
técnicos do espetáculo, como a
iluminação. "Ah, o solo de "The
Long and Winding Road" e o
medley de "Let It Be" e "Yesterday" também me impressionaram bastante", concede.
"O importante é que não estão deixando a obra dos Beatles
ser esquecida. É super válido
porque reeduca as pessoas que
não tiveram oportunidade de
escutar", conclui Rampazzo.
BEATLES NUM CÉU
DE DIAMANTES
Quando: estreia hoje; sex., às 21h30,
sáb, às 19h e às 21h30, e dom., às 19h;
até 28/6
Onde: teatro das Artes (shopping Eldorado - av. Rebouças, 3.970, 3º piso, tel.
3034-0075)
Quanto: de R$ 60 a R$ 80
Classificação: não indicado a menores
de 10 anos
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