São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2005

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DANÇA

Com coreografias de Suzana Yamauchi e João Maurício, espetáculo será apresentado no teatro Popular do Sesi, em São Paulo

"Cubo" intercala dança e imagens projetadas

Jorge Araujo/Folha Imagem
Cena do espetáculo de dança "Cubo", que tem projeção de imagens do cineasta Fernando Meirelles e trilha original de Zeca Baleiro


TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

As possibilidades da figura geométrica foram o pontapé do espetáculo "Cubo", que inicia temporada aberta ao público no próximo fim de semana, no teatro Popular do Sesi, em São Paulo.
O cubo acabou se expandindo e se tornou uma espécie de caixa de surpresas, que mescla imagens e dança com intuito de aproximar o público leigo, sobretudo os jovens, da dança contemporânea.
As coreografias desenvolvidas por Suzana Yamauchi, 46, e João Maurício, 52, interagem com imagens criadas a partir dos corpos dos bailarinos ou animações construídas por computação gráfica. Os quadros têm temáticas variadas, alguns são mais "sérios", mas predomina a comédia.
"É para um público que não tem o hábito de assistir dança, não necessariamente jovem", diz o cineasta Fernando Meirelles, responsável pelas projeções. "Humor é para todas as idades", diz.
O projeto de fazer um espetáculo infanto-juvenil surgiu em razão da proposta do espaço -nos fins de semana as apresentações são à tarde, e de quarta a sexta há horário apenas para escolas.
Em vez de limitar a criatividade da dupla de coreógrafos, a exigência funcionou como válvula de escape. "Quando a gente trabalha para crianças, dá para abstrair muito mais. Eles aceitam mais a fantasia, a loucura. Já para adultos, a gente acaba se tolhendo mais", afirma Yamauchi.
Segundo ela, para a concepção do espetáculo, foi muito importante sua experiência na série de programas para a TV "Rá-Tim-Bum" -o primeiro, exibido em 1990, foi dirigido por Meirelles.
"Ajudei a criar os quadros que tinham dança e movimento. Aprendi o significado de demonstrar algumas percepções, como enxergar através do corpo o som de um baião ou de uma rabeca, por exemplo", conta.
"Cubo" é praticamente uma ação entre amigos. Os coreógrafos se conhecem desde 1980, quando estabeleceram a duradoura parceria, e os sete bailarinos da peça já estiveram em cena no espetáculo anterior deles, "Muito Romântico". Meirelles também é da turma.
"Conheci a Suzana e o João Maurício quando gravei o primeiro espetáculo que eles criaram, "Kiuanka", há 20 anos. Para ser honesto, quando me ofereci para gravá-lo, estava muito mais interessado em ficar próximo de uma das bailarinas, a Ciça. Acabei me casando com ela e desde então me tornei amigo dos dois coreógrafos e da produtora, Patricia Galvão", diz Meirelles. Ciça é uma das bailarinas de "Cubo".
"Eu e o João fazemos um trabalho de exploração, esperamos sempre por surpresas. Já o Fernando tem a cabeça de cineasta, a idéia de se trabalhar com muita antecedência", relata Yamauchi.
Maurício concorda: "Sempre trabalhamos em dupla. Não brigamos, sempre entramos em consenso".
Desde 1984, o coreógrafo vive em Nova York, onde leciona e já atuou na Paul Taylor Dance Company durante dez anos, e o trabalho com Yamauchi se dá por e-mail e em suas viagens ao Brasil.
O projeto de "Cubo" começou em 2002, antes do sucesso de "Cidade de Deus", e foi concretizado durante o último ano, conciliando as bem-sucedidas carreiras de seus três diretores. A trilha original é de Zeca Baleiro, que já tinha gravado "Ciúmes de Você" para o espetáculo anterior do grupo.
"Muito Romântico" fez sucesso no mesmo palco em que estréia "Cubo" e esteve na Alemanha e na Suíça em várias ocasiões, a última em novembro. E já há indícios de que o novo espetáculo entre em rota internacional, depois do fim da atual temporada, em julho.

Cubo
Quando:
quar. a sex., às 11h (somente agendamento para escolas), sáb. e dom., às 16h; até 3/7
Onde: teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, Bela Vista, região central, tel. 0/xx/11/ 3146-7405)
Quanto: entrada franca (retirar ingressos com uma hora de antecedência)


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