São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2005

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HISTÓRIA

A mostra apresenta ainda gravuras sobre a cidade italiana e peças da Coleção Arqueológica Imperatriz Teresa Cristina

Restaurados, afrescos de Pompéia são expostos no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Quase todos os pedaços da história de Pompéia, a cidade destruída pela erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C, estão na Itália, principalmente no sítio arqueológico onde se preserva o que sobrou da tragédia. Mas há quatro pedaços que vieram parar no Brasil no século 19. Eles são os astros de "Afrescos de Pompéia: A Beleza Revelada", exposição aberta hoje no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Os afrescos não passavam por um processo de restauração desde 1918. No ano passado, a União Latina, organização intergovernamental que reúne 35 países, patrocinou a recuperação, feita pelo especialista Pietro Tranchina.
"Os [dois] afrescos claros estavam um pouco melhores, mas os escuros eram uma caixa preta. A cera negra foi endurecendo com o tempo, e as imagens ficaram irreconhecíveis. Com muito cuidado, pouco a pouco foi sendo revelada a beleza que havia por baixo", diz Martha Vianna, diretora do escritório da União Latina no Brasil.
Para a exposição, a organização angariou três patrocínios e foi um pouco além dos quatro afrescos. Há gravuras sobre Pompéia cedidas pela Biblioteca Nacional, peças da Coleção Arqueológica Imperatriz Teresa Cristina e um retrato da imperatriz feito pelo espanhol Modesto Brocos.
Foi graças a Teresa Cristina que os afrescos vieram parar no Brasil. Ela chegou ao Rio em 1843, aos 21 anos, para consumar um acordo político e se casar com o imperador d. Pedro 2º. Já trouxe na bagagem várias peças arqueológicas, uma de suas paixões.
Mas os afrescos de Pompéia chegaram mais tarde em razão de uma negociação de Teresa Cristina com seu irmão, o rei Ferdinando 2º, das Duas Sicílias (reino extinto com a unificação italiana). A família Bourbon, dos dois, fora responsável por escavações em Pompéia, das quais saiu grande parte do acervo do Museu Bourbonico, hoje Museu de Nápoles. Em troca de objetos de arte indígena, o rei enviou à irmã um conjunto de dez afrescos. Os outros seis se perderam.
"Um dos objetivos da exposição é lembrar que essa mulher manca e feia, ofuscada pela figura de d. Pedro 2º, legou muita coisa importante para o Brasil", ressalta Martha Vianna, que também pretende cativar patrocinadores para a restauração de outras peças da Coleção Teresa Cristina.
A coleção fica no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, onde aconteceu a restauração dos afrescos, entre janeiro e março de 2004. Fotos do trabalho conduzido por Pietro Tranchina também fazem parte da exposição.
O francês Henri Lavagne, consultor de arte da União Latina, descobriu recentemente a origem de três dos afrescos: eles são parte do Templo de Ísis. Os dois escuros, que mostram um cavalo-marinho e um dragão marinho, ficavam na sala de reuniões dos devotos da deusa, na parte inferior do templo.
Um dos claros, que mostra um pavão, ficava na superior. Não se sabe de onde é o quarto afresco, que tem a imagem de dois pássaros e uma cesta de guirlanda.
Ainda será exibido na exposição um DVD que reconstitui Pompéia virtualmente. Segundo a União Latina, o DVD, cedido pelo Instituto Italiano de Cultura, só foi exibido uma vez fora da Itália, nos Estados Unidos.


Afrescos de Pompéia: A Beleza Revelada
Quando:
de hoje a 29/5 (ter. a sex., das 10h às 18h; sáb. e dom., das 14h às 18h)
Onde: Museu Nacional de Belas Artes (av. Rio Branco, 199, centro, tel. 0/xx/21/ 2240-0068)
Quanto: R$ 4 (grátis aos domingos)


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