São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cinema

Boyle se aventura em ficção científica

Para o diretor de "Trainspotting", referência a clássicos era inevitável

Filme mostra futuro em que o Sol está esfriando e, assim, ameaça toda a vida na Terra; roteiro é do escritor Alex Garland ("A Praia")


Divulgação
Cena do filme "Sunshine - Alerta Solar", dirigido pelo diretor britânico Danny Boyle, que estréia hoje no circuito brasileiro


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Vasto e largamente inexplorado na vida real, o espaço sideral parece já ter sido esgotado quando visto nas telas.
"Sunshine - Alerta Solar", filme do britânico Danny Boyle que estréia hoje no país, é mais um testemunho da dificuldade de criar roteiros e imagens originais em um cenário espacial.
"Até habitarmos o espaço, será sempre esse corredor estreito", disse Boyle durante a pré-estréia do filme, na qual a Folha esteve presente, no National Film Institute, em Londres.
"Você segue nele, tentando fazer um filme, e sabe que vai fazer referências aos clássicos, não há como escapar, dá para senti-los ao seu redor."
Os clássicos, no caso, são filmes como "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (1968), de Stanley Kubrick, "Solaris" (1972), de Andrei Tarkovski, e "Alien" (1979), de Ridley Scott.
Todos encaixam-se, assim como "Sunshine", no ramo da ficção científica que Boyle define como "uma nave, uma tripulação, um sinal do espaço".
Não que o diretor tenha abdicado de tentar idéias menos rodadas -a principal delas, tornar o Sol o personagem central.
No filme, temos um futuro não tão distante em que nossa estrela principal está esfriando e, conseqüentemente, ameaçando toda a vida na Terra.
Uma tripulação arquetípica (o capitão nobre e corajoso, o herói esquentadinho, o gênio fracote etc.) é enviada rumo ao Sol para tentar reanimá-lo com uma bomba nuclear.
No caminho, os seis homens e duas mulheres vão enfrentar conflitos internos causados pelo longo isolamento e descobrirão que outra nave, que já havia fracassado na mesma missão, não teve o fim que se pensava.

Peça de câmara
O diretor descreve sua terceira parceria com o escritor Alex Garland (leia texto ao lado) como "uma peça de câmara".
"É um drama humano, confinado em um espaço grandioso. Alex gosta de pôr os personagens em situações de pressão mental, e eu adoro criar situações extremas na tela."
"Sunshine" representa também a primeira vez que Boyle, célebre por filmes de baixo orçamento como "Cova Rasa" e "Trainspotting", lida com efeitos especiais de grande porte.
O diretor lembra que já havia declinado estrear no gênero antes, recusando a direção de "Alien 4" por achar que não saberia lidar com tais efeitos.
Graças ao crédito obtido junto aos estúdios com o sucesso de "Extermínio" (2002) -sua recriação dos filmes de zumbis-, o diretor pôde fazer um filme "mais ambicioso", ainda que com um orçamento relativamente baixo para os padrões dos "blockbusters" (US$ 40 milhões, cerca de R$ 81 milhões).
Mas as impecáveis imagens do Sol e da nave mostram que o dinheiro e os 12 meses gastos na pós-produção, com o trabalho do 3 Mills Studios, foram bem aplicados.


Texto Anterior: Cinema - Crítica/"Viúva Rica Solteira Não Fica": Co-produção luso-brasileira mais parece reprise de minissérie de época
Próximo Texto: Roteirista vai adaptar "Halo", game de tiro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.