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MÚSICA
Cantora apresenta hoje o show "Sangre de Mi Alma", de seu segundo CD dedicado ao estilo
Nana Caymmi "recanta" boleros
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Foi a própria Nana quem sugeriu. Em reunião com os executivos de sua gravadora, a cantora
propôs quatro projetos, dentre os
quais um daria origem ao seu novo CD. Ficou combinado que ela
faria outro álbum com repertório
de boleros -como já havia feito
em 1994 com, justamente, "Boleros"-, senão correria o risco de
perder o público que conseguiu
desde o sucesso de "Resposta ao
Vento", trilha da minissérie "Hilda Furacão", da Rede Globo.
"Música brasileira é uma cruz",
afirma. "Só depois de 35 anos de
carreira é que consegui meu primeiro disco de ouro", conta, referindo-se às 100 mil cópias vendidas de "Resposta".
Nana justifica sua escolha dizendo que os boleros fazem parte
de sua vida. Na década de 70, a artista conta que sobreviveu cantando em português na Argentina, Uruguai e Chile.
"Esse CD é uma dívida de gratidão que tenho com esses países",
completa. A cantora nunca voltou, porém, à Venezuela, onde
morou cinco anos e aprendeu espanhol.
"Foi uma época em que o Brasil
virou as costas para mim", diz.
"Como não cantava música de
protesto, com aquelas melodias
horríveis e letras quilométricas,
fui esquecida. E não fiquei rica: todos os que cantaram música de
protesto estão nababescamente
ricos hoje."
Sobre seu público, Nana diz que
é formado por gente ligada à música e por "travados": "Daqueles
que só dizem "eu te amo" depois
de seis garrafas de uísque", explica.
Nana queria que esse novo álbum se chamasse "Mi Último
Fracaso", título de música de Alfredo Gil. Mas o produtor José
Milton, que trabalha com Nana
há sete anos -o primeiro produto da parceria foi "A Noite do Meu
Bem" (93)-, conseguiu demovê-la da idéia de chamar de fracasso
um disco novo.
"Sangre de Mi Alma", o título
definitivo, é um verso da música
"Amor de Mis Amores", de Agustín Lara, presente no repertório.
Segundo Nana, Lara foi o grande
esquecido de "Boleros" (94).
As 14 músicas do novo CD estão
no show de hoje. Uma orquestra
com 30 músicos interpreta os arranjos de Cristóvão Bastos e do irmão Dori Caymmi.
Além dos boleros, Nana canta
cinco músicas brasileiras, dentre
elas "Carolina", de Chico Buarque. "As Rosas Não Falam", de
Cartola, vem acompanhada de
outra música sobre flores, "La
Violetera", de José Padilha Sanchez e Montesinos Lopes.
Todas elas serão cantadas no
timbre de voz característico, que
herdou do pai, Dorival. A interpretação "uterina", Nana afirma
ter aprendido com Isaurinha Garcia, sua maior influência.
Parceiro de palco da cantora,
Cristóvão Bastos não vem a São
Paulo porque está na Venezuela
envolvido em outro projeto. O
maestro Daniel Salinas comanda
os músicos.
(DEMETRIUS CAESAR)
Show: Sangre de Mi Alma, de Nana Caymmi
Quando: hoje, às 22h
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, São Paulo, tel. 0/xx/11/
5643-2500)
Quanto: de R$ 35 a R$ 45 (maiores de 65 anos e aposentados pagam meia-entrada; estudantes, com apresentação
da carteira da UNE)
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