São Paulo, sábado, 13 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA
Cantora apresenta hoje o show "Sangre de Mi Alma", de seu segundo CD dedicado ao estilo
Nana Caymmi "recanta" boleros

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Foi a própria Nana quem sugeriu. Em reunião com os executivos de sua gravadora, a cantora propôs quatro projetos, dentre os quais um daria origem ao seu novo CD. Ficou combinado que ela faria outro álbum com repertório de boleros -como já havia feito em 1994 com, justamente, "Boleros"-, senão correria o risco de perder o público que conseguiu desde o sucesso de "Resposta ao Vento", trilha da minissérie "Hilda Furacão", da Rede Globo.
"Música brasileira é uma cruz", afirma. "Só depois de 35 anos de carreira é que consegui meu primeiro disco de ouro", conta, referindo-se às 100 mil cópias vendidas de "Resposta".
Nana justifica sua escolha dizendo que os boleros fazem parte de sua vida. Na década de 70, a artista conta que sobreviveu cantando em português na Argentina, Uruguai e Chile.
"Esse CD é uma dívida de gratidão que tenho com esses países", completa. A cantora nunca voltou, porém, à Venezuela, onde morou cinco anos e aprendeu espanhol.
"Foi uma época em que o Brasil virou as costas para mim", diz. "Como não cantava música de protesto, com aquelas melodias horríveis e letras quilométricas, fui esquecida. E não fiquei rica: todos os que cantaram música de protesto estão nababescamente ricos hoje."
Sobre seu público, Nana diz que é formado por gente ligada à música e por "travados": "Daqueles que só dizem "eu te amo" depois de seis garrafas de uísque", explica.
Nana queria que esse novo álbum se chamasse "Mi Último Fracaso", título de música de Alfredo Gil. Mas o produtor José Milton, que trabalha com Nana há sete anos -o primeiro produto da parceria foi "A Noite do Meu Bem" (93)-, conseguiu demovê-la da idéia de chamar de fracasso um disco novo.
"Sangre de Mi Alma", o título definitivo, é um verso da música "Amor de Mis Amores", de Agustín Lara, presente no repertório. Segundo Nana, Lara foi o grande esquecido de "Boleros" (94).
As 14 músicas do novo CD estão no show de hoje. Uma orquestra com 30 músicos interpreta os arranjos de Cristóvão Bastos e do irmão Dori Caymmi.
Além dos boleros, Nana canta cinco músicas brasileiras, dentre elas "Carolina", de Chico Buarque. "As Rosas Não Falam", de Cartola, vem acompanhada de outra música sobre flores, "La Violetera", de José Padilha Sanchez e Montesinos Lopes.
Todas elas serão cantadas no timbre de voz característico, que herdou do pai, Dorival. A interpretação "uterina", Nana afirma ter aprendido com Isaurinha Garcia, sua maior influência.
Parceiro de palco da cantora, Cristóvão Bastos não vem a São Paulo porque está na Venezuela envolvido em outro projeto. O maestro Daniel Salinas comanda os músicos. (DEMETRIUS CAESAR)

Show: Sangre de Mi Alma, de Nana Caymmi
Quando: hoje, às 22h
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 5643-2500)
Quanto: de R$ 35 a R$ 45 (maiores de 65 anos e aposentados pagam meia-entrada; estudantes, com apresentação da carteira da UNE)


Texto Anterior: Mondo Cannes
Próximo Texto: Erudito: Osesp e Meneses alternam brilho em dois concertos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.