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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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TEATRO

Ator e dramaturgo interpreta avô na montagem "O Pequeno Livro das Páginas em Branco", texto de Jaime Celiberto

Guarnieri ancora espetáculo juvenil

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Pequeno Livro das Páginas em Branco", peça que estréia hoje no Centro Cultural São Paulo, é mais um exemplo da devoção do ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, 68, ao teatro.
Mesmo com a saúde um tanto abalada nos últimos anos, acometido por insuficiência renal que lhe impõe sessões semanais de hemodiálise, o autor de "Eles Não Usam Black-Tie" (1958), peça que introduziu o trabalhador nos palcos do país e demarcou a guinada para a dramaturgia nacional no Teatro de Arena, aceitou representar um avô carismático na montagem.
Guarnieri não atuava desde "Anjo na Contramão" (1998), seu último texto, em parceria com o filho Cacau Guarnieri. Dois anos atrás, teve encenado, também na cidade, uma das suas peças mais recentes, "A Luta Secreta de Maria da Encarnação", dirigida por Marcus Faustini
"O Pequeno Livro das Páginas em Branco", texto e direção de Jaime Celiberto, retrata o amadurecimento vivido pela adolescente Natália, pontuado sobretudo pela morte de seu pai.
A personagem de 17 anos (interpretada por Greta Elefhteriou, do programa "Ilha Rá-Tim-Bum", TV Cultura) fica ressentida pela perda, amplia os conflitos com o irmão Dinho (Henrique Ramiro) e com a mãe (Lara Córdula) e vai encontrar porto seguro na figura do avô (Guarnieri), um pintor e plantador de caquis que mora no litoral, onde a família costuma passar as férias.
A partir das lembranças do pai, que aparece em cena justamente no plano da memória (Jovane Nikolic), e estimulada pelo afeto do avô, a garota começa a rever a relação com aqueles que ama e consigo mesma -a afirmação de sua identidade.
Após um caso ou outro, entre citações da banda escocesa Belle and Sebastian e do filme "Beleza Roubada", de Bernardo Bertolucci, o colega de infância Ivan (José Roberto Jardim) desponta como namorado e traz à tona a descoberta da sexualidade.
Outros aspectos abordados pela peça são o uso de drogas e as incertezas do futuro.
Celiberto baseou sua história no livro ainda inédito de Sonia Mayumi Fujimoto, "Fragmentos de Dias". São ilustrações, pinturas e poemas (haicais) sobre o processo de perda do pai da autora. A peça recebeu em 2002 o Prêmio Júlio Gouveia - Dramaturgia para Adolescentes, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.
"O barato de escrever para jovens é a sensação de que se está fazendo tudo pela primeira vez. Parece que nós, adultos, ficamos anestesiados por dentro. A adolescência carrega cores mais fortes", diz Celiberto, 38, cuja cia. Teatro do Beijo, 3, empenha-se no universo teen.


O PEQUENO LIVRO DAS PÁGINAS EM BRANCO. Texto e direção: Jaime Celiberto. Com: Gianfrancesco Guarnieri, Greta Elefhteriou, Jovane Nikolic e outros. Onde: CCSP - sala Adoniran Barbosa (r. Vergueiro, 1.000, Liberdade, tel. 3277-3611). Quando: estréia hoje, às 19h30; ter. e qua., às 19h30. Até 9/7. Quanto: R$ 1,20 (hoje) e R$ 10.


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