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TEATRO
Ator e dramaturgo interpreta avô na montagem "O Pequeno Livro das Páginas em Branco", texto de Jaime Celiberto
Guarnieri ancora espetáculo juvenil
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"O Pequeno Livro das Páginas
em Branco", peça que estréia hoje
no Centro Cultural São Paulo, é
mais um exemplo da devoção do
ator e dramaturgo Gianfrancesco
Guarnieri, 68, ao teatro.
Mesmo com a saúde um tanto
abalada nos últimos anos, acometido por insuficiência renal que
lhe impõe sessões semanais de hemodiálise, o autor de "Eles Não
Usam Black-Tie" (1958), peça que
introduziu o trabalhador nos palcos do país e demarcou a guinada
para a dramaturgia nacional no
Teatro de Arena, aceitou representar um avô carismático na
montagem.
Guarnieri não atuava desde
"Anjo na Contramão" (1998), seu
último texto, em parceria com o
filho Cacau Guarnieri. Dois anos
atrás, teve encenado, também na
cidade, uma das suas peças mais
recentes, "A Luta Secreta de Maria da Encarnação", dirigida por
Marcus Faustini
"O Pequeno Livro das Páginas
em Branco", texto e direção de
Jaime Celiberto, retrata o amadurecimento vivido pela adolescente
Natália, pontuado sobretudo pela
morte de seu pai.
A personagem de 17 anos (interpretada por Greta Elefhteriou, do
programa "Ilha Rá-Tim-Bum",
TV Cultura) fica ressentida pela
perda, amplia os conflitos com o
irmão Dinho (Henrique Ramiro)
e com a mãe (Lara Córdula) e vai
encontrar porto seguro na figura
do avô (Guarnieri), um pintor e
plantador de caquis que mora no
litoral, onde a família costuma
passar as férias.
A partir das lembranças do pai,
que aparece em cena justamente
no plano da memória (Jovane Nikolic), e estimulada pelo afeto do
avô, a garota começa a rever a relação com aqueles que ama e consigo mesma -a afirmação de sua identidade.
Após um caso ou outro, entre
citações da banda escocesa Belle
and Sebastian e do filme "Beleza
Roubada", de Bernardo Bertolucci, o colega de infância Ivan (José
Roberto Jardim) desponta como
namorado e traz à tona a descoberta da sexualidade.
Outros aspectos abordados pela
peça são o uso de drogas e as incertezas do futuro.
Celiberto baseou sua história no
livro ainda inédito de Sonia Mayumi Fujimoto, "Fragmentos de
Dias". São ilustrações, pinturas e
poemas (haicais) sobre o processo de perda do pai da autora. A
peça recebeu em 2002 o Prêmio
Júlio Gouveia - Dramaturgia para
Adolescentes, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.
"O barato de escrever para jovens é a sensação de que se está fazendo tudo pela primeira vez. Parece que nós, adultos, ficamos
anestesiados por dentro. A adolescência carrega cores mais fortes", diz Celiberto, 38, cuja cia.
Teatro do Beijo, 3, empenha-se no
universo teen.
O PEQUENO LIVRO DAS PÁGINAS EM BRANCO. Texto e direção: Jaime
Celiberto. Com: Gianfrancesco Guarnieri,
Greta Elefhteriou, Jovane Nikolic e
outros. Onde: CCSP - sala Adoniran
Barbosa (r. Vergueiro, 1.000, Liberdade,
tel. 3277-3611). Quando: estréia hoje, às
19h30; ter. e qua., às 19h30. Até 9/7.
Quanto: R$ 1,20 (hoje) e R$ 10.
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