São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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POPLOAD

Olhando para a frente

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Um passo para trás, dois para frente. Alguém na Inglaterra teve a genial idéia de armar a turnê "Don't Look Back", uma série de shows em duas casas de Londres mostrando uma banda bacana tocando ao vivo um álbum clássico de sua discografia, da primeira à última faixa.
O lendário Stooges, de Iggy Pop, abre a série no dia 30 de agosto, com a performance de cabo a rabo do discaço "Fun House", de 1970. Na seqüência, o grande Mudhoney, um dos pilares do som de Seattle, lembra ao vivo o disco "Superfuzz Bigmuff", clássico do começo dos anos 90. Para você ter uma idéia, o show abre com o hino "Touch me I'm Sick". No dia 17 de setembro, a fofa Cat Power vai desfilar todas as músicas de seu "The Covers Record", disco em que ela fez versões "gata" para canções famosas dos Stones, Dylan e Velvet Underground. O show de 25 de setembro é de chorar. O amado grupo escocês Belle & Sebastian toca da faixa 1 a 10 as músicas de seu segundo disco, "If You're Feeling Sinister". Em seu site, o grupo afirmou que a performance ao vivo de tais músicas do final dos 90 soa bem melhor hoje do que como está no CD.
Já pensou alguém pegar esse projeto e abrasileirá-lo?
Imagina um show dos Secos & Molhados tocando o primeiro disco na Funhouse. Ou os Mutantes tocando o álbum de 1978 na Obra, em BH...

Loucuras de setembro
E de agosto e de outubro.
O bastidor da música está pegando fogo. Se tudo sair como programado, vamos ter o melhor ano de shows de todos os tempos. Só em setembro serão quatro festivais. Agosto vai ter um evento indie de peso, se nada der errado. E em outubro... Dá para falar o seguinte:
Na semana que vem, o Campari Rock, festival organizado, entre outros, por este colunista e que acontece de 8 a 13 de agosto em São Paulo, deve anunciar seu line-up oficial. E uma pequena superbanda, que tocou no último Coachella Festival, pode aparecer na lista.
A coisa foge do controle em setembro e vira uma guerra de celulares. O querido festival de Curitiba assume nova data e novo nome e abre a folia rock do mês logo no dia 2 e 3. Atrações em breve. O Nokia Trends escanteia a parceria com o Sonar, se posiciona na segunda semana e, parece, fechou com o DJ americano Moby. O Claro que É Rock trabalha com duas linhas de bandas, uma consagrada tipo Foo Fighters, uma de nomes emergentes tipo Bloc Party, e deve acontecer nos dias 17 e 18. Na mesma data, provavelmente, a capital federal vê o Brasília Rock Festival. E, quietinho, o Tim Festival (final de outubro/começo de novembro), prepara o melhor: já teria asseguradas as presenças da ótima M.I.A. (com o DJ parceiro Diplo), Franz Ferdinand, Interpol e Kasabian.
Sem falar dos shows do White Stripes aqui, daqui a três semanas.

Pires
Me contaram a seguinte história. Diz que o Humberto Gessinger estava caminhando dia destes pelas ruas de Porto Alegre e encontrou um velho amigo:
- Opa, e aí?
- Beleza. E tu?
- Está sabendo que eu tô com uma banda nova bem legal?
- Não. Que bacana! Quem toca nela? Tem nome, já?
Daí o sujeito descreveu o som, falou quem tava na banda e disse o nome dela:
- A banda se chama Pires!
O papo continuou, o Humberto ouviu tudo bonitinho, mas teve que dizer pro amigo:
- Escuta. Você tem que mudar esse nome. Pires não dá. Não pega bem como nome de grupo.
O líder da banda chamada Engenheiros do Hawaii se mostrou chocado porque o amigo estaria usando um sobrenome para batizar seu grupo novo.
- Não, Pires não é sobrenome. É do verbo "pirar". Tipo "quero que tu pires". Não achou legal?
Outra coisa. Pode beirar o insólito e o improvável.. Mas não ficou ruim a sampleada de Legião Urbana que o Gabriel, o Pensador fez em "Palavras Repetidas", recriando a quixotesca "Pais e Filhos", um dos maiores hinos do rock nacional. Até que enfim alguém dentro da tosqueira da música mainstream brazuca fez com certa decência o que os Racionais MCs ensinaram no magistral "Sobrevivendo no Inferno".


@ - lucio@uol.com.br


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