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Psicodelia teen
Com referências setentistas e temas adolescentes, banda MGMT se torna a nova queridinha dos principais festivais dos EUA e da Europa
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Psicodelia, melodias pop, baladas etéreas, melancolia adolescente. Esses são alguns dos
ingredientes que se cruzam
dentro do universo da banda
norte-americana MGMT.
A banda é, na verdade, a dupla Andrew VanWyngarden e
Ben Goldwasser. O primeiro é
vocalista e guitarrista; o segundo toma conta de teclado e sintetizador. O pequeno aparato é
inversamente proporcional à
variedade de referências que o
duo coloca no disco de estréia,
"Oracular Spectacular", lançado no formato físico, no exterior, em janeiro -a Sony BMG
diz que não sabe se o álbum ganhará lançamento nacional.
Ao vivo, a dupla ganha baterista, guitarrista e baixista. A
Folha acompanhou show do
MGMT (sigla para Management) no Coachella, no final de
abril. Lotaram não apenas a
platéia mas a área ao lado do
palco, onde foram assistidos
por integrantes de dezenas de
outras bandas do festival.
Estão escalados para outros
grandes festivais, como Glastonbury (Inglaterra), Lollapalooza (EUA) e Roskilde (Dinamarca). Em entrevista à Folha,
por telefone, Andrew VanWyngarden disse que negocia a vinda ao Brasil no fim do ano para
um grande festival -no período a que se refere, acontecem o
Tim e o Planeta Terra.
"Queríamos que fosse desorientador, que confundisse o
ouvinte", conta sobre o disco.
"[No álbum] Há várias referências musicais diferentes também porque algumas canções
são mais antigas; as mais novas
vão para direções diferentes,
têm outras influências. É interessante mixar esses sentimentos. É o que sempre ouvimos
nos grandes discos."
Alguns desses discos importantes para entender o universo do MGMT circulam à órbita
do produtor Dave Fridman,
que já colaborou com bandas
como Flaming Lips e Mercury
Rev. Fridman foi chamado para produzir o CD de estréia do
MGMT devido à "sutileza com
que trabalha texturas melódicas e o apuro de seus arranjos
orquestrados", diz o músico.
"Somos grandes fãs do Flaming Lips, por isso o escolhemos. Conversamos com ele algumas vezes, sobre como gostaríamos que o álbum soasse."
"Oracular Spectacular" tem
pelo menos duas faixas que remetem ao imaginário adolescente e que emprestam um
apelo pop ao disco. Uma é o
single "Time to Pretend", em
que contam, com uma deliciosa
desilusão, a história de uma
banda iniciante cujo sucesso
faz com que seus integrantes
queiram "fazer música, ganhar
dinheiro, encontrar algumas
modelos para casar/ Mudar para Paris, injetar heroína, transar com celebridades".
É mais ou menos o que está
acontecendo com o MGMT,
não? "Não, não", brinca. "Claro
que estamos passando por situações malucas. Mas nossas
vidas não têm nada a ver com o
que está na música, com o que
seja o estilo de vida de rockstars. Foi escrita antes de arranjarmos contrato com gravadora, estávamos na faculdade."
"Time to Pretend", ao ser
lançado, foi alçado ao posto de
"single of the week" (a música
da semana), no iTunes dos
EUA. Foi o suficiente para setores conservadores inundarem os e-mails da Apple com
reclamações contra a banda, a
quem chamavam de "apologistas das drogas" e "corruptores
de jovens", entre outras coisas.
A outra faixa bem pop é
"Kids", com batidas toscas de
electro. Já no restante do álbum, o MGMT lembra bastante, em música e letras, os anos
70, a contracultura, o mundo
hippie. "Não foi consciente. Há
algo místico nas letras. Não
queríamos falar de coisas que
estejam na moda. Mas claro
que fomos inspirados pelo rock
dos anos 70", diz Andrew.
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