São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2008

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Psicodelia teen

Com referências setentistas e temas adolescentes, banda MGMT se torna a nova queridinha dos principais festivais dos EUA e da Europa

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Psicodelia, melodias pop, baladas etéreas, melancolia adolescente. Esses são alguns dos ingredientes que se cruzam dentro do universo da banda norte-americana MGMT.
A banda é, na verdade, a dupla Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser. O primeiro é vocalista e guitarrista; o segundo toma conta de teclado e sintetizador. O pequeno aparato é inversamente proporcional à variedade de referências que o duo coloca no disco de estréia, "Oracular Spectacular", lançado no formato físico, no exterior, em janeiro -a Sony BMG diz que não sabe se o álbum ganhará lançamento nacional.
Ao vivo, a dupla ganha baterista, guitarrista e baixista. A Folha acompanhou show do MGMT (sigla para Management) no Coachella, no final de abril. Lotaram não apenas a platéia mas a área ao lado do palco, onde foram assistidos por integrantes de dezenas de outras bandas do festival.
Estão escalados para outros grandes festivais, como Glastonbury (Inglaterra), Lollapalooza (EUA) e Roskilde (Dinamarca). Em entrevista à Folha, por telefone, Andrew VanWyngarden disse que negocia a vinda ao Brasil no fim do ano para um grande festival -no período a que se refere, acontecem o Tim e o Planeta Terra.
"Queríamos que fosse desorientador, que confundisse o ouvinte", conta sobre o disco. "[No álbum] Há várias referências musicais diferentes também porque algumas canções são mais antigas; as mais novas vão para direções diferentes, têm outras influências. É interessante mixar esses sentimentos. É o que sempre ouvimos nos grandes discos."
Alguns desses discos importantes para entender o universo do MGMT circulam à órbita do produtor Dave Fridman, que já colaborou com bandas como Flaming Lips e Mercury Rev. Fridman foi chamado para produzir o CD de estréia do MGMT devido à "sutileza com que trabalha texturas melódicas e o apuro de seus arranjos orquestrados", diz o músico.
"Somos grandes fãs do Flaming Lips, por isso o escolhemos. Conversamos com ele algumas vezes, sobre como gostaríamos que o álbum soasse."
"Oracular Spectacular" tem pelo menos duas faixas que remetem ao imaginário adolescente e que emprestam um apelo pop ao disco. Uma é o single "Time to Pretend", em que contam, com uma deliciosa desilusão, a história de uma banda iniciante cujo sucesso faz com que seus integrantes queiram "fazer música, ganhar dinheiro, encontrar algumas modelos para casar/ Mudar para Paris, injetar heroína, transar com celebridades".
É mais ou menos o que está acontecendo com o MGMT, não? "Não, não", brinca. "Claro que estamos passando por situações malucas. Mas nossas vidas não têm nada a ver com o que está na música, com o que seja o estilo de vida de rockstars. Foi escrita antes de arranjarmos contrato com gravadora, estávamos na faculdade."
"Time to Pretend", ao ser lançado, foi alçado ao posto de "single of the week" (a música da semana), no iTunes dos EUA. Foi o suficiente para setores conservadores inundarem os e-mails da Apple com reclamações contra a banda, a quem chamavam de "apologistas das drogas" e "corruptores de jovens", entre outras coisas.
A outra faixa bem pop é "Kids", com batidas toscas de electro. Já no restante do álbum, o MGMT lembra bastante, em música e letras, os anos 70, a contracultura, o mundo hippie. "Não foi consciente. Há algo místico nas letras. Não queríamos falar de coisas que estejam na moda. Mas claro que fomos inspirados pelo rock dos anos 70", diz Andrew.


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