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Crítica
"Mar Adentro" esclarece pouco sobre eutanásia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A regressão nos costumes é
algo que parece se impor neste
começo de século. O direito ao
aborto, indiscutível em todo o
mundo (até em Portugal, mas
fora o Brasil, é claro), hoje é alvo de passeatas em Washington, nos EUA, onde se defende
"o direito à vida".
Mas, diga-se o que disser, essa corrente traz algo de novo,
ao fazer de centro do problema
a discussão sobre o início da vida. E os outros, a "esquerda",
digamos assim, têm de encontrar argumentos (em vez de argumentos científicos, valia
olhar a história da ciência: em
geral, ela prova o que bem entende).
A eutanásia é uma questão
bem mais controversa, pois estabelecer o fim da vida é mais
evidente do que decretar seu
início.
Com seu "Mar Adentro"
(exibido pela Fox, às 14h), o diretor Alejandro Amenábar coloca seu dedo no problema,
mas esclarece pouca coisa. Ou
por outra: demonstra apenas
que, para Amenábar, a vida é
algo sem mistério. Seu cinema
atesta isso.
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