São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2010

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63º FESTIVAL DE CANNES

Tempestades deixam Cannes em apreensão

Passadas as chuvas que prejudicaram os preparativos, competição do festival começa hoje, após noite de abertura

Diretor prevê que o frio deixe a região e lida com problemas como o cancelamento da presença do cineasta Ridley Scott

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Na tela, o cinema espetáculo de Ridley Scott e os franceses na pele de vilões. Na Croisette, a avenida do Palais des Festivals, o mar que as tempestades da última semana deixaram cinza. No aeroporto de Nice, a expectativa em torno do humor com que chegarão os convidados, dada a confusão que o vulcão Eyjafjallajokull tem causado no espaço aéreo europeu.
"É um ano com muita ebulição", diz, da mesa que reserva ao visitante um lugar com vista para o mar, Gilles Jacob, diretor do festival. "Pelo menos as tempestades pararam e parece que o frio vai partir", prevê ele, que se orgulha de, na véspera da abertura do maior festival de cinema do mundo, manter-se, na aparência, calmo.
"É uma calma exterior", sorri Jacob. "Mas a quantidade de problemas que terei de resolver nos próximos dias não vai ser pequena."
O primeiro deles surgiu já na abertura. Ridley Scott, sob a alegação de estar se recuperando de uma cirurgia, não veio para a apresentação de "Robin Hood". Coube aos atores Russell Crowe e Cate Blanchett fazer as honras.
Mas Jacob passou por outras bem piores. No livro "Cidadão Cannes", que chega esta semana às livrarias no Brasil, ele relata, por exemplo, o ano de 1981, quando, horas antes da abertura, o papa João Paulo 2º ter levado um tiro e o futuro ministro da Cultura do recém-eleito presidente François Miterrand ter decidido comparecer à cerimônia. Entre cancelar a sessão em nome do papa ou arrumar mais um assento VIP, ficou com a segunda opção.
Dois anos antes, o sufoco também tinha sido grande, com a escolha de "Apocalipse Now" para a abertura. "Era preciso aceitar as chamadas dia e noite, chantagens, ameaças de cancelamento à menor contrariedade", conta o diretor que, após anos em silêncio, decidiu abrir um pouco as cortinas da cena cinematográfica e mostrar que as tempestades, tanto quanto o glamour, são parte do festival.

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