São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2011 |
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Van Sant une arte e indústria em Cannes "Inquietos", novo trabalho do cineasta, abre a mostra Un Certain Regard do festival com temática adolescente Trama delicada e luminosa foge do estilo dos blockbusters para contar a história de amor de um jovem casal ANA PAULA SOUSA ENVIADA ESPECIAL A CANNES Gus van Sant pisou em Cannes, pela primeira vez, em 1995, com "Um Sonho sem Limites", filme estrelado por Nicole Kidman, Matt Dillon e Joaquin Phoenix. Oito anos depois, o flerte do cineasta norte-americano com a Côte d'Azur seria coroado com a Palma de Ouro entregue a "Elefante" (2003). Coube também a um filme de Van Sant, "Paranoid Park" (2007), o prêmio especial do 60º aniversário do festival francês. Não causa surpresa, portanto, que seu novo longa-metragem, "Inquietos", tenha sido escolhido para abrir a mostra Un Certain Regard (um certo olhar), em sessão de gala, na noite de ontem. E, mais uma vez, o cineasta fez jus ao prestígio que Cannes lhe tem conferido ao longo dos anos. Apesar de ter recebido um Oscar, como melhor diretor, por "Gênio Indomável" (1998) e de ter sido indicado ao mesmo prêmio em 2009, por "Milk", Gus van Sant construiu sua reputação, sobretudo, no ambiente do cinema independente norte-americano e do circuito cult europeu. "Inquietos" é, em boa medida, o resultado estético e prático da junção desses dois universos: o cinema que se quer arte e a indústria MEIO-FIO Mesmo tendo sido produzido por um grande estúdio de Hollywood -a Sony/Columbia-, o filme terá Cannes como sua principal vitrine. Apesar de ter temática e personagens adolescentes, "Inquietos" adere a uma linguagem quase oposta à dos blockbusters juvenis. Van Sant, como se vê, não teme andar no meio-fio. Parece até gostar de conciliar o irreconciliável. E talvez seja essa a melhor definição para essa história de amor entre dois personagens improváveis. O menino (o belo Henry Hopper, filho do ator Dennis Hopper) perdeu os pais num acidente de carro e tem, como hobby, visitar enterros. A garota (Mia Wasikowska, da série "In Treatment"), que se diz naturalista e segue os ensinamentos de Darwin, tem um câncer fatal. O tema sombrio, que tende ao melodrama, se reverte, na tela, em uma trama delicadamente luminosa. "Os personagens procuram viver o melhor que podem, enquanto podem viver. Nesse sentido, é uma história leve", define o diretor. Nestes tempos em que, nos filmes, olhar para o "lado bom" da vida tornou-se sinônimo de ingenuidade, Van Sant coloca seus personagens para sonhar -e fazer sonhar. Texto Anterior: Carlos Heitor Cony: Um poeta dos poetas Próximo Texto: Foco: Festival tenta enquadrar dramas de jovens e crianças Índice | Comunicar Erros |
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