São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2001

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DA RUA

Quentinho escuro

FERNANDO BONASSI

Eu sei muito bem que a geladeira está fedendo, as toalhas estão duras, os tapetes, crocantes e a companhia de água não é a minha mãe.
Tem ainda aqueles telefonemas inadiáveis para dar, além de abrir a maldita caixa de correspondência e responder com um "prezado" tabulado no começo e um "atenciosamente" centralizado no final, avisando as pessoas que, claro, tudo foi um mal-entendido e desculpar-me muito.
Eu sei de tudo isso mas, por enquanto e de verdade, quero apenas saber se um desgraçado não pode simplesmente ficar no escurinho quente debaixo das suas cobertas, bebendo leite quente, balbuciando preces incompreensíveis e tentando dormir sem parar.
Pode... não pode?


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