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CRÍTICA
Iê-iê-iê cede lugar a samba-rock, marchinha e soul music
DA REPORTAGEM LOCAL
A imagem colada em Wanderléa, talvez para sempre,
ainda é a da musa tola e alienada
da jovem guarda, a cantar estabanadamente "Pare o Casamento",
"Ternura" e "Prova de Fogo".
Se "O Amor Sobreviverá" não
evita essa imagem, tampouco a legitima. É uma revisão da história
de Wanderléa, mas não da musa
iê-iê-iê -"Pare o Casamento" será excluída da edição comercial,
se sua vontade prevalecer.
Aparecerão, assim, os outros lados da artista, que são vários e hoje obscurecidos. "Mané João" (de
Roberto e Erasmo) e "Kriola" (de
Hélio Matheus) relembram os
tempos de breve musa loura do
samba-rock, nos anos 70.
"Back in Bahia" reflete o flerte
com Gilberto Gil, em 72. "Escandalosa" revive sua simpatia pelas
vedetes da antiga canção popular,
como Emilinha Borba. "Menino
Bonito" evoca o flerte romântico
com o pop amoroso de Rita Lee.
Há ainda duas meigas canções
inéditas de sua própria autoria,
feitas há cerca de 20 anos em honra de Leonardo, seu primeiro filho, que morreu afogado em 82.
O iê-iê-iê volta pelo lado soul, de
temas antes veiculados por Roberto ("Negro Gato", de Getúlio
Côrtes, e "Não Vou Ficar", de Tim
Maia) e Erasmo (a simbólica
"Sentado à Beira do Caminho").
O que mais? Os arranjos são
simples, mas não sentem atração,
nunca, por facilidades e sensacionalismos. A voz continua sendo a
de quem nunca estudou canto e
não confia de todo em si. Mas está
solta e à vontade como nunca.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
O Amor Sobreviverá
Artista: Wanderléa
Lançamento: Pequeno Cotolengo do
Paraná (0/xx/41/274-4211)
Quanto: R$ 20
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