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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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CRÍTICA

Iê-iê-iê cede lugar a samba-rock, marchinha e soul music

DA REPORTAGEM LOCAL

A imagem colada em Wanderléa, talvez para sempre, ainda é a da musa tola e alienada da jovem guarda, a cantar estabanadamente "Pare o Casamento", "Ternura" e "Prova de Fogo".
Se "O Amor Sobreviverá" não evita essa imagem, tampouco a legitima. É uma revisão da história de Wanderléa, mas não da musa iê-iê-iê -"Pare o Casamento" será excluída da edição comercial, se sua vontade prevalecer.
Aparecerão, assim, os outros lados da artista, que são vários e hoje obscurecidos. "Mané João" (de Roberto e Erasmo) e "Kriola" (de Hélio Matheus) relembram os tempos de breve musa loura do samba-rock, nos anos 70.
"Back in Bahia" reflete o flerte com Gilberto Gil, em 72. "Escandalosa" revive sua simpatia pelas vedetes da antiga canção popular, como Emilinha Borba. "Menino Bonito" evoca o flerte romântico com o pop amoroso de Rita Lee.
Há ainda duas meigas canções inéditas de sua própria autoria, feitas há cerca de 20 anos em honra de Leonardo, seu primeiro filho, que morreu afogado em 82.
O iê-iê-iê volta pelo lado soul, de temas antes veiculados por Roberto ("Negro Gato", de Getúlio Côrtes, e "Não Vou Ficar", de Tim Maia) e Erasmo (a simbólica "Sentado à Beira do Caminho").
O que mais? Os arranjos são simples, mas não sentem atração, nunca, por facilidades e sensacionalismos. A voz continua sendo a de quem nunca estudou canto e não confia de todo em si. Mas está solta e à vontade como nunca.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


O Amor Sobreviverá    
Artista: Wanderléa
Lançamento: Pequeno Cotolengo do Paraná (0/xx/41/274-4211)
Quanto: R$ 20



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