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CINEMA
Ganhador do Oscar por "O Sol É para Todos", em 63, ator participou de 52 filmes em mais de cinco décadas
Gregory Peck morre aos 87 na Califórnia
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O ator Gregory Peck, ganhador
do Oscar por "O Sol É para Todos", morreu, aos 87 anos, na noite de quarta para quinta-feira, em
sua casa, em Los Angeles. Estava
ao lado de sua mulher, a francesa
Veronique Passani Peck.
"Ele estava ficando mais velho e
mais frágil. Não estava realmente
doente", declarou seu porta-voz,
Monroe Friedman, à agência Associated Press.
Peck foi premiado com o Oscar
em 1963, pela interpretação, em
"O Sol...", do advogado Atticus
Finch, que enfrenta o racismo de
uma pequena cidade do sul dos
EUA ao assumir a defesa de um
jovem negro acusado de estuprar
uma mulher branca.
Na semana passada, o American Film Institute, que o ator ajudou a fundar, elegeu o personagem como sendo o maior herói
do cinema de todos os tempos.
"Dei tudo o que tinha ali. Meus
sentimentos, o que aprendera em
46 anos de vida sobre a vida em
família, pais e filhos, e meus sentimentos sobre justiça racial, desigualdade e oportunidades", afirmou Peck, em 1989, ao falar sobre
seu papel mais famoso. Além da
premiação em 1963, Peck teve outras quatro indicações ao Oscar.
Na maior parte dos 52 filmes em
que atuou, desempenhou o papel
de "mocinho".
A principal exceção apareceu
em "Meninos do Brasil", em que
ele figurava como o médico nazista Joseph Mengele.
A representação do assassino
nazista, porém, foge ao padrão da
carreira de um ator que apareceu
nos filmes como padre ("As Chaves do Reino") e herói de guerra
("Almas em Chamas"), entre outros papéis. Ele se ocupou ainda
da representação de personagens
históricos: o rei Davi ("David e
Betsabá"), o escritor F. Scott Fitzgerald ("O Ídolo de Cristal"), o general Douglas MacArthur ("MacArthur") e o presidente americano Abraham Lincoln (na minissérie "The Blue and the Grey").
O ator apareceu em filmes durante mais de cinco décadas. Sua
primeira atuação, em "Quando a
Neve Tornar a Cair", é de 1944. O
último filme de que participou foi
"Moby Dick", para TV, em 98.
A vida de Peck ficou marcada
pela associação entre a conduta
dos personagens que representou
no cinema e seus passos fora das
telas, caracterizados pela defesa
de causas liberais.
Em 1968, foi condecorado pelo
presidente Lyndon Jonhson com
a Medalha da Liberdade, a mais
alta distinção civil do país. Em
1987, foi convidado pelo então
presidente da União Soviética,
Mikhail Gorbatchov, para participar de um seminário no país.
Não agradou a todos, porém. A
crítica Pauline Kael (1919-2001),
da revista "New Yorker", definiu-o como "competente, mas sempre um pouco maçante".
Peck tinha outra visão sobre si
mesmo. "As pessoas me vêem como um velho amigo", disse.
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