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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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CINEMA

Ganhador do Oscar por "O Sol É para Todos", em 63, ator participou de 52 filmes em mais de cinco décadas

Gregory Peck morre aos 87 na Califórnia

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O ator Gregory Peck, ganhador do Oscar por "O Sol É para Todos", morreu, aos 87 anos, na noite de quarta para quinta-feira, em sua casa, em Los Angeles. Estava ao lado de sua mulher, a francesa Veronique Passani Peck.
"Ele estava ficando mais velho e mais frágil. Não estava realmente doente", declarou seu porta-voz, Monroe Friedman, à agência Associated Press.
Peck foi premiado com o Oscar em 1963, pela interpretação, em "O Sol...", do advogado Atticus Finch, que enfrenta o racismo de uma pequena cidade do sul dos EUA ao assumir a defesa de um jovem negro acusado de estuprar uma mulher branca.
Na semana passada, o American Film Institute, que o ator ajudou a fundar, elegeu o personagem como sendo o maior herói do cinema de todos os tempos.
"Dei tudo o que tinha ali. Meus sentimentos, o que aprendera em 46 anos de vida sobre a vida em família, pais e filhos, e meus sentimentos sobre justiça racial, desigualdade e oportunidades", afirmou Peck, em 1989, ao falar sobre seu papel mais famoso. Além da premiação em 1963, Peck teve outras quatro indicações ao Oscar. Na maior parte dos 52 filmes em que atuou, desempenhou o papel de "mocinho".
A principal exceção apareceu em "Meninos do Brasil", em que ele figurava como o médico nazista Joseph Mengele.
A representação do assassino nazista, porém, foge ao padrão da carreira de um ator que apareceu nos filmes como padre ("As Chaves do Reino") e herói de guerra ("Almas em Chamas"), entre outros papéis. Ele se ocupou ainda da representação de personagens históricos: o rei Davi ("David e Betsabá"), o escritor F. Scott Fitzgerald ("O Ídolo de Cristal"), o general Douglas MacArthur ("MacArthur") e o presidente americano Abraham Lincoln (na minissérie "The Blue and the Grey").
O ator apareceu em filmes durante mais de cinco décadas. Sua primeira atuação, em "Quando a Neve Tornar a Cair", é de 1944. O último filme de que participou foi "Moby Dick", para TV, em 98.
A vida de Peck ficou marcada pela associação entre a conduta dos personagens que representou no cinema e seus passos fora das telas, caracterizados pela defesa de causas liberais.
Em 1968, foi condecorado pelo presidente Lyndon Jonhson com a Medalha da Liberdade, a mais alta distinção civil do país. Em 1987, foi convidado pelo então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchov, para participar de um seminário no país.
Não agradou a todos, porém. A crítica Pauline Kael (1919-2001), da revista "New Yorker", definiu-o como "competente, mas sempre um pouco maçante".
Peck tinha outra visão sobre si mesmo. "As pessoas me vêem como um velho amigo", disse.


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