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O jovem Bond
Chega ao Brasil a série com aventuras do espião de Ian Fleming na adolescência
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2008, ano do centenário
do escritor Ian Fleming, uma
nova aventura de James Bond,
seu célebre personagem, chegará às estantes. Quem assinará a primeira história inédita
em três anos (até 2003 foram
publicadas continuações autorizadas pelo espólio de Fleming) ainda é um mistério: "Os
detalhes são estritamente confidenciais; se revelássemos, teríamos que matá-lo", "ameaça"
a reportagem uma porta-voz da
Ian Fleming Publications.
A editora, que pertence aos
herdeiros de Fleming, começou a comemorar o seu centenário já no ano passado, com o
lançamento de "prequels", as
primeiras aventuras de Bond,
aos 13, nos anos 30. "O objetivo
é recuperar a imagem de Bond
como personagem literário, e
não apenas de filmes", explica à
Folha o escritor inglês Charlie
Higson, 48, autor de "Missão
Silverfin", o primeiro livro de
uma série de cinco, que já está
nas livrarias brasileiras.
Fã das missões de Bond, inicialmente com os filmes nos
anos 60, e só depois com os livros, Higson conta que foi escolhido para o projeto por conta
do estilo "seco" que imprimiu
aos seus próprios romances
policiais, para adultos, lançados no início dos anos 90.
"Queriam histórias bem
masculinas, adultas e sombrias, porque as de Fleming também eram assim", diz o escritor.
Adulto, mas nem tanto.
Ainda que mire fãs maduros de 007, Higson teve
que levar em conta seu
público alvo, o infanto-juvenil. "Se você pensa
nas coisas pelas quais
Bond é famoso, como fumar muito, beber ainda
mais, fazer sexo com várias mulheres, dirigir carros velozes e matar pessoas, sabe que não pode
colocá-las no personagem
na adolescência. Mas obviamente se trata de James
Bond, e tentei manter o máximo de suas características. Então, temos ação, bondgirls etc."
Higson tirou de "Com 007 Só
se Vive Duas Vezes", de 1964, as
poucas pistas autobiográficas
deixadas por Fleming: aos 11
anos, o personagem perde seus
pais num acidente, é criado por
uma tia e enviado à aristocrática escola Eton. O resto é novo.
O Bond de Higson é um garoto que, apesar de fazer amigos
facilmente, é solitário, mais interessado nos esportes do que
nos estudos. O futuro do personagem pouco aparece no passado, diz Higson. Não há "piadas
internas", como um jovem "Q"
ou uma jovem "Moneypenny",
ou um garoto careca com uma
cicatriz, na escola. "Queria fugir da idéia de um vilão com deformidades. Então, criei um incrivelmente bonito e perfeito."
O belo vilão de Higson é
George, aluno mais velho de
Eton, um escocês "americanizado". Seu pai, Lorde Hellebore, é um traficante de armas
que conduz experimentos genéticos sinistros: uma forma de
esteróides para criar supersoldados. Hellebore quer experimentar a droga em crianças.
"Escolhi o experimento esperando ter uma ressonância
nas crianças em relação ao uso
de drogas nos esportes", conta
o autor, que parou por aí com as
referências à realidade. "Acho
que muitas crianças não querem ser lembradas do que
acontece no mundo real, preferem algo escapista. Harry Potter funciona num universo alternativo e, de certo modo, o
jovem Bond, nos anos 30,
também. É quase um reino fantástico."
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