São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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Verão do Fashion Rio acaba morno

Desfile da TNG com Raica encerrou evento carioca, que serviu, no final de semana, de vitrine para jovens estilistas

Lenny fez um dos melhores desfiles do evento, com idéia firme de moda e personalidade em ótimas estamparias e biquínis


ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

A temporada de verão do Fashion Rio terminou no último domingo em clima morno, depois do início bombado com megaespetáculos que aqueceram a imaginação dos fashionistas com referências folclóricas e apologias nostálgicas do Brasil miscigenado e cordial.
A presença da modelo Raica, namorada do jogador Ronaldo, e as manifestações de euforia com a Copa do Mundo no encerramento do desfile da TNG, o último do evento, não foram suficientes para criar o "grand finale" aspirado. É moda, afinal, o que entusiasma, principalmente em fashion weeks.
A TNG, ao menos, evitou os clichês previsíveis do futebol e partiu com Raica para referências ao... boliche. A grife propôs um mix entre o esporte e o streetwear, que teve melhor resultado nas peças masculinas. O estilista da marca, Henry Alavez, mostrou um trabalho acertado nas referências náuticas com clima anos 60, mas continua com a mão pesada quando o assunto é juntar diferentes tipos de estamparia.
O melhor momento do final de semana do Fashion Rio ocorreu no sábado, com o desfile impecável da grife Lenny. Foi quando se pôde perceber com clareza uma idéia firme de moda e a personalidade de uma estilista-criadora (Lenny Niemeyer). A coleção trouxe maiôs e biquínis freqüentemente muito elaborados e elegantes, com ótimas estamparias e pretos, recorrendo a adereços em forma de losango para criar estruturas inventivas.
O mais impressionante é que Lenny faz um esforço de construção da roupa sem perder o feeling para a sensualidade. Foi essa grife, aliás, que criou as imagens femininas mais fortes do Fashion Rio, sem contar que exibiu os biquínis mais curtos e reveladores de uma estação marcada por modelagens maiores nas roupas de praia.
O final de semana teve também as grifes Nina Becker, Juliana Jabour e Theodora, todas jovens estilistas estreantes no evento. Nina levou os fashionistas ao teatro Dulcina, um espaço abandonado no centro do Rio, para assistir a um show de rock (ela é também cantora e guitarrista). O clima underground e modernoso, porém, entrou em conflito com a coleção, muito retrô, carente de idéias novas e com problemas de modelagem.
Também faltou desejo do novo à coleção de Juliana, que apresentou peças corretas, mas enfadonhas. Rita Wainer arriscou um pouco mais nas construções e é um talento a ser acompanhado de perto.
No setor masculino, a grife Reserva, que desfila no núcleo de novos designers, e a Complexo B exibiram looks descolados, otimistas e que resolveram bem o problema-chave da temporada: como conciliar a atualidade com os clichês do verão brasileiro e da vida carioca. Para tanto, as duas marcas foram atrás da tradição da boemia, repensando com muito humor o arquétipo do malandro.
Na Reserva, os destaques foram os tricôs nas peças retrôs, as roupas em linho e a cartela de cores com rosa e cinzas. Já na Complexo B, que recriou um botequim na passarela (com direito a samba cantado por Mart'nália, Celso Fonseca e Paulinho Mosca), chamaram a atenção as calças com modelagem justa, as padronagens de azulejos e quadriculados e as camisas mais curtas na cintura.


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