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Verão do Fashion Rio acaba morno
Desfile da TNG com Raica encerrou evento carioca, que serviu, no final de semana, de vitrine para jovens estilistas
Lenny fez um dos melhores desfiles do evento, com idéia firme de moda e personalidade em ótimas estamparias e biquínis
ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
A temporada de verão do
Fashion Rio terminou no último domingo em clima morno,
depois do início bombado com
megaespetáculos que aqueceram a imaginação dos fashionistas com referências folclóricas e apologias nostálgicas do
Brasil miscigenado e cordial.
A presença da modelo Raica,
namorada do jogador Ronaldo,
e as manifestações de euforia
com a Copa do Mundo no encerramento do desfile da TNG,
o último do evento, não foram
suficientes para criar o "grand
finale" aspirado. É moda, afinal, o que entusiasma, principalmente em fashion weeks.
A TNG, ao menos, evitou os
clichês previsíveis do futebol e
partiu com Raica para referências ao... boliche. A grife propôs
um mix entre o esporte e o
streetwear, que teve melhor resultado nas peças masculinas.
O estilista da marca, Henry Alavez, mostrou um trabalho acertado nas referências náuticas
com clima anos 60, mas continua com a mão pesada quando
o assunto é juntar diferentes tipos de estamparia.
O melhor momento do final
de semana do Fashion Rio
ocorreu no sábado, com o desfile impecável da grife Lenny. Foi
quando se pôde perceber com
clareza uma idéia firme de moda e a personalidade de uma estilista-criadora (Lenny Niemeyer). A coleção trouxe maiôs e
biquínis freqüentemente muito elaborados e elegantes, com
ótimas estamparias e pretos,
recorrendo a adereços em forma de losango para criar estruturas inventivas.
O mais impressionante é que
Lenny faz um esforço de construção da roupa sem perder o
feeling para a sensualidade. Foi
essa grife, aliás, que criou as
imagens femininas mais fortes
do Fashion Rio, sem contar que
exibiu os biquínis mais curtos e
reveladores de uma estação
marcada por modelagens
maiores nas roupas de praia.
O final de semana teve também as grifes Nina Becker, Juliana Jabour e Theodora, todas
jovens estilistas estreantes no
evento. Nina levou os fashionistas ao teatro Dulcina, um espaço abandonado no centro do
Rio, para assistir a um show de
rock (ela é também cantora e
guitarrista). O clima underground e modernoso, porém,
entrou em conflito com a coleção, muito retrô, carente de
idéias novas e com problemas
de modelagem.
Também faltou desejo do novo à coleção de Juliana, que
apresentou peças corretas, mas
enfadonhas. Rita Wainer arriscou um pouco mais nas construções e é um talento a ser
acompanhado de perto.
No setor masculino, a grife
Reserva, que desfila no núcleo
de novos designers, e a Complexo B exibiram looks descolados, otimistas e que resolveram
bem o problema-chave da temporada: como conciliar a atualidade com os clichês do verão
brasileiro e da vida carioca. Para tanto, as duas marcas foram
atrás da tradição da boemia, repensando com muito humor o
arquétipo do malandro.
Na Reserva, os destaques foram os tricôs nas peças retrôs,
as roupas em linho e a cartela
de cores com rosa e cinzas. Já
na Complexo B, que recriou um
botequim na passarela (com direito a samba cantado por
Mart'nália, Celso Fonseca e
Paulinho Mosca), chamaram a
atenção as calças com modelagem justa, as padronagens de
azulejos e quadriculados e as
camisas mais curtas na cintura.
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