São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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Abaixo as tendências!

Diretor da São Paulo Fashion Week diz que a função do evento, que começa hoje, não é dizer o que os consumidores devem usar

Divulgação
Trabalho da artista Janaina Tschäpe, parte da obra "Água Viva"; a imagem ilustra a capa da próxima "ffwMAG!", revista da SPFW, cujo tema deste ano será a água


ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você é um escravo da moda e fica esperando as fashion weeks para saber quais serão as tendências da próxima temporada ditadas pelos estilistas e os críticos, pode se preparar, enfim, para a sua libertação.
"Não existem mais tendências. Se a cor da estação é o preto ou o cinza, isso não tem a menor importância." Quem afirma é o empresário Paulo Borges, diretor da São Paulo Fashion Week (SPFW), cuja edição primavera-verão 2008 começa hoje no Pavilhão da Bienal e vai mostrar coleções de 47 grifes.
Ele vai mais longe. "Não espero que os estilistas da SPFW sigam tendências. Se algum o fizer é porque não está sendo inteligente nem criativo", diz.
Para que serve, então, uma semana de moda? Na opinião de Borges, para mostrar a criação individual. "O papel do estilista é ter idéias. O consumidor não quer se orientar por tendências, ele quer ter liberdade de escolha. Se existe tendência, foi o próprio consumidor quem criou, sem saber que estava fazendo, não o estilista", declara.
Borges faz eco à percepção que se espalhou mundialmente nos últimos tempos de que a produção de tendências saiu das mãos dos estilistas e grifes. Elas nascem menos nas passarelas do que nas ruas, produzidas pelos próprios consumidores e como resultado de uma série de novos estímulos.
"As tendências acabaram quando o mercado descobriu muitos outros focos de atuação. Com tanta diversidade, não dá para resumir a moda em uma ou outra tendência", diz o estilista Mario Queiroz, da SPFW.
Mas a questão não é consenso entre os designers do evento.
Na opinião do estilista André Lima, o consumidor precisa da "bússola das tendências". "São elas que o orientam na hora da compra, sem anular a liberdade de escolha", afirma. Ele ressalta que as tendências mostradas na SPFW estão cada vez mais focadas nas coisas brasileiras do que nas passarelas mundiais.
Borges diz que não tem receio de a SPFW não ser considerada um evento difusor de tendências. "Sem tendências, tudo fica mais instigante. As pessoas têm que olhar individualmente para o todo. E o que vale é a paixão e a inventividade de cada designer." Com o que concorda o estilista Tufi Duek, da Forum: "A função do evento é incentivar a criação individual para que o país e as marcas tenham o reconhecimento de sua própria identidade".
Borges está prestes a abandonar a organização da SPFW, que ele dirige há mais de 20 anos. Dentro em breve, o maior evento de moda do país será coordenado por pessoas de sua confiança. Ele ficará apenas no comando estratégico da SPFW e vai se dedicar mais ao InMod (Instituto Nacional de Moda e Design), do qual é presidente.
"O InMod vai propor projetos de curto, médio e longo prazo ao Brasil. A indústria têxtil está 30 anos atrasada no país, e os estilistas precisam acabar com a sua choradeira", diz.


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