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Crítica
John Ford faz sentido de dever parecer tragédia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
John Ford teria sido um soldado exemplar -foi, por sinal,
um intrépido cinegrafista do
Exército, durante a Segunda
Guerra-, pois em seus filmes o
sentido do dever sempre está
presente.
Ele está mais ainda nos poucos filmes que produziu, como
"Rio Grande" (TC Cult,
15h10). Diga-se ainda, os filmes
que produziu tendem a ser
mais tristes e mais secos que a
média de sua obra. Em "Rio
Grande", esse sentido de dever
parece tragédia de Corneille:
ele deve mandar o próprio filho
para a guerra contra os índios;
precisa tomar decisões cruciais, que o levarão a pôr a própria honra em sério risco; precisa, no meio disso tudo, reconquistar o amor da mulher de
quem o dever o afastou.
O crítico Sérgio Augusto costuma dizer que Ford é o Homero do Oeste. Sem prejuízo da
comparação, Ford é também, e
por excelência, o Corneille do
século 20: aquele que "pinta os
homens tal como deviam ser",
pois seus heróis são, como o coronel Kirby, humanos, mas
também sobre-humanos.
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