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Mônica Bergamo
@ - bergamo@folhasp.com.br
CASO VARIG
Filipe Redondo/Folha Imagem
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A advogada Valeska Teixeira, que emagreceu 20 kg nos últimos meses, defende a legalidade da operação da Varig
"Lula não tem tempo para fofocas"
Acusada pela ex-diretora da
Anac, Denise Abreu, de ser
"truculenta" e de usar o nome
do presidente Lula para defender os interesses do fundo americano Matlin Patterson na
compra da Varig, a advogada
Valeska Teixeira, filha do compadre de Lula, Roberto Teixeira, fala pela primeira vez sobre
o caso. Vinte quilos mais magra
depois de um regime radical,
ela defende a legalidade da operação, na qual trabalhou junto
com o pai, e afirma nunca ter
usado o nome de Lula. Diz que
suas conversas com a ex-diretora da Anac sempre foram
"amenas" e que até chegou a
elogiar "a bolsa Louis Vuitton"
que Denise teria usado em um
dos encontros que tiveram.
FOLHA - A Denise Abreu declarou
no Senado que o comportamento
do escritório de vocês foi imoral.
VALESKA TEIXEIRA - Por tudo o
que eu já li sobre ela, a Denise
Abreu não tem reputação para
julgar o que é moral e imoral.
FOLHA - Por quê?
VALESKA - Pergunte para a família das vítimas do acidente
da Gol. Pergunte para a desembargadora para quem ela mentiu [em 2007, Denise Abreu foi
acusada de apresentar documento sem validade legal à desembargadora Cecília Marcondes atestando a "absoluta segurança na operação do aeroporto de Congonhas"]. O fato de ela
ter caído [da Anac] por ter
mentido já diz muita coisa, né?
Ela mentiu perante a desembargadora. Ela mentiu no Congresso Nacional.
FOLHA - Ela diz que você agia de
forma truculenta na Anac.
VALESKA - Imagina! De jeito nenhum. Tive uns três contatos
com ela. Foram, inclusive, conversas muito amenas. Na primeira vez, eu a procurei porque, no nosso entendimento, a
venda da VarigLog [para o fundo americano Matlin Patterson
e três sócios brasileiros para
quem Valeska e o pai advogavam] já estava aprovada pelo
antigo DAC. E esse processo
não poderia ser reaberto, como
ela queria fazer. Ela estava numa reunião. Falou que depois
me receberia. Não me recebeu.
Eu deixei os pareceres jurídicos
que defendiam nossa tese com
outra pessoa. E ficou nisso.
FOLHA - E os outros encontros?
VALESKA - Numa outra vez, depois de muitos e muitos meses,
eu estava na Anac, com outros
advogados, e a Denise Abreu
me chamou. Eu até achei estranho: ela começou a se abrir comigo. Disse: "Ai, eu fico muito
chateada com os ataques que a
imprensa faz à minha pessoa
por conta da minha relação
com o ex-ministro José Dirceu." Eu me solidarizei com ela,
obviamente. E ofereci um modelo de petição, a minuta de
uma ação que nós temos contra
esse mesmo jornalista, que nos
atacava também.
FOLHA - Que jornalista?
VALESKA - Prefiro omitir o nome. O fato é que nós oferecemos a petição e ela adorou muito. A Denise Abreu falou também que tinha muita mágoa do
presidente Lula. Ela disse: "A
maior mágoa da minha vida é o
presidente Lula nunca ter me
recebido". Eu falei: "Olha, eu
não posso te ajudar. É um momento atribuladíssimo do país,
época de campanha eleitoral
[em 2006], não posso te ajudar
nesse sentido." E elogiei muito
a bolsa Louis Vuitton dela. Ela
tinha acabado de chegar de
uma viagem particular à Europa. Elogiei a bolsa e o relógio,
que era bem chamativo.
FOLHA - Denise Abreu diz que você
usava o nome do presidente Lula,
que é compadre do seu pai, para
pressionar a favor de seus clientes.
VALESKA - Tenho muito orgulho de nosso relacionamento
pessoal, mas nunca usei o nome
de Lula. Se, em vez de me apresentar como advogada, eu me
apresentasse como afilhada do
Lula, estaria me diminuindo.
Eu sou advogada antes de qualquer coisa. E advogo bem.
FOLHA - Vocês têm relação próxima com o presidente Lula, familiar.
Nunca tiveram oportunidade de reclamar com ele da Denise?
VALESKA - Eu cresci com ele. Só
que Lula é o presidente do país.
Se alguém imagina que Lula
tem tempo para ouvir fofoca,
"tá" muito equivocado. E estávamos em 2006. Era uma época
atribulada, o presidente Lula
estava em plena campanha da
reeleição. Nós reclamamos dela, sim, mas pelas vias legítimas.
Fizemos uma representação
contra a Denise no Ministério
da Defesa e entramos com
mandado de segurança na Justiça Federal de Brasília.
FOLHA - De que reclamavam?
VALESKA - O processo [de compra da VarigLog pelo fundo Matlin Patterson e pelos sócios
brasileiros] já estava finalizado
pelo antigo DAC, com todos os
pareceres das áreas técnicas
aprovando a operação. Quando
meu cliente fez a proposta para
a compra da Varig [a VarigLog
adquiriu a empresa e depois
vendeu para a Gol], a Denise
Abreu resolveu reabrir o processo. Os pareceres favoráveis à
operação sumiram do processo
administrativo. E apareceram
outros, inconclusivos.
FOLHA - Ela diz outra coisa: que pareceres contrários aos interesses de
seus clientes foram modificados depois de pressão feita pela ministra
Dilma Rousseff, da Casa Civil.
VALESKA - Será que não foi o
contrário? Os pareceres favoráveis somem e aparecem novos,
contra a operação. Depois,
apresentamos todos os documentos solicitados num ofício
dela [Denise Abreu]. E aí concluíram novamente pela aprovação. Esses são os fatos.
FOLHA - Documentos mostram que
o fundo americano Matlin Patterson
emprestou dinheiro para os sócios
brasileiros entrarem na empresa.
Ou seja, o dinheiro não era deles, o
que burlaria a legislação, que exige
que 80% do capital de empresa aérea seja nacional.
VALESKA - Eles [sócios brasileiros] fizeram empréstimo pessoal no banco JP Morgan para
subscrever as ações da Volo
Brasil [que adquiriu a Varig-
Log]. O fundo Matlin Patterson
emprestou dinheiro para a empresa investir.
FOLHA - Reclamaram de Denise
Abreu com a ministra Dilma?
VALESKA - Não. Não.
FOLHA - E por que a ministra Dilma
interferiu no processo?
VALESKA - Eu duvido que tenha
acontecido isso. A minha percepção das coisas, o que eu vivi
lá, foi o seguinte: nós ficávamos
em sala de espera, junto com
outros advogados. E tudo, tudo
foi feito nos autos do processo
de recuperação judicial da Varig, que corria na 1ª Vara Empersarial do Rio de Janeiro. Se
não fosse a Denise Abreu, a Varig hoje seria a terceira maior
companhia do país. A demora
do processo prejudicou muito a
empresa. Falar que o processo
foi recorde... A Anac prometeu
fazer a homologação [para funcionamento da VarigLog] em
um mês. Demorou seis. A empresa não conseguia fazer leasing de avião, não conseguia
crédito.
FOLHA - Denise diz que foi acusada
de trabalhar para a TAM quando
apenas zelava pela lisura da operação e que inclusive foi impedida de
pedir o imposto de renda dos sócios
para comprovar que eles tinham como comprar a VarigLog. Vocês fizeram essa acusação?
VALESKA - Não. A única coisa
que eu sei, que eu vi, que eu vivi,
era o esforço que ela fazia para
que a Varig não sobrevivesse. É
a única coisa que posso relatar,
por ter vivido.
"Ela [Denise
Abreu] tinha acabado de chegar de uma
viagem particular à Europa. Elogiei a bolsa Louis
Vuitton e o relógio, que
era bem chamativo"
PORTA DA RUA
O deputado Paulo Maluf (PP-SP) está tentando seduzir o
PHS (Partido Humanista da
Solidariedade) para uma aliança na eleição municipal. E já
chegou a conversar com a ex-deputada Zulaiê Cobra Ribeiro.
"Tenho com ela uma amizade
política muito antiga", diz. Já
Zulaiê pretende sair do partido,
ao qual se filiou em agosto do
ano passado com a promessa de
ser lançada candidata à Prefeitura de SP. "Fui traída. E não
vou ficar num partido que
apóie o Maluf", diz.
MÃO NO BOLSO
Maluf está em fase de contratação de publicitário para a
campanha. Ele tem conversado
com Duda Mendonça. Afinal,
diz, "ele fez fama dizendo que
elegeu até o Paulo Maluf". O ex-prefeito, no entanto, afirma
que não pretende assumir
compromissos financeiros
muito significativos. "Não vou
colocar mais dinheiro do meu
próprio bolso. Já fiz um mal
desgraçado com a Eucatex, que
cobriu contas de campanhas
minhas no passado."
NA LINHA
O promotor Arnaldo Hossepian Junior convocou o ex-presidente do Metrô, Luiz Carlos
David, para depor na investigação criminal sobre a cratera na
obra da linha 4, que deixou sete
mortos em janeiro de 2007. Será questionado sobre como a
empresa estatal fiscalizava a
construção, realizada por um
consórcio de empreiteiras.
LEILÃO
Um paparazzo procurou ontem a imprensa de celebridades
tentando vender uma foto que
seria de Ronaldo e de uma morena com quem o craque teria
passado a noite de terça no hotel Fasano. Na foto, ele aparece
dormindo, e ela de roupa, tirando a foto com um celular. O fotógrafo, que diz negociar pela
moça, pede R$ 10 mil pelo direito de publicação. A assessoria de Ronaldo afirma desconhecer a imagem.
CONJUNTO DA OBRA
O Masp calculou que seus cofres vão arrecadar cerca de R$
10 milhões até o ano que vem. O
museu conseguiu patrocínio do
grupo Camargo Corrêa e renovou com a Mercedes-Benz até
2010. O valor de empréstimos
de obras também entram no
cálculo.
"B" COM ORGULHO
O estilista Reinaldo Lourenço "declarou guerra" contra a
primeira fileira dos desfiles da
SP Fashion Week, alvo da cobiça dos convidados e fonte de
dor de cabeça para os organizadores. "É muita vaidade, todo
mundo quer sentar na fila A",
diz ele, que assistirá às coleções
da mulher, Gloria Coelho, e do
filho Pedro Lourenço na fila B.
"Qual o problema de sentar
na segunda fileira? Não afeta
em nada nem diminui meu talento. Você continua nobre",
completa.
ALUNO NOTA 10
Pupilo de Picasso, o artista
espanhol Manuel Ángeles Ortiz
será um dos destaques da exposição "Desenhos Espanhóis do
Século XX - Coleção Fundação
Mapfre", que será aberta hoje,
no Masp. Autor da obra "Desnudo", ele recebeu nota máxima do mestre por ter unido
com perfeição as linguagens
cubista e neoclássica, ainda no
início dos anos 20.
CHURRASCO COM VISTA
Já está pronto o projeto assinado pelo arquiteto Isay Weinfeld para a filial do restaurante
Rodeio, no shopping Iguatemi.
A casa, que ficará no oitavo andar no prédio que está sendo
construído no estacionamento
descoberto, terá vista panorâmica para o clube Pinheiros,
ambientes separados por desníveis no piso - como na unidade dos Jardins - e um bar no
térreo, com elevador exclusivo
para os clientes. A idéia é repaginar a churrascaria sem perder suas características acolhedoras. "Será mais ou menos o
que fiz com o Fasano", garante
Weinfeld.
CURTO-CIRCUITO
SÉRGIO AMARAL faz palestra hoje sobre geração de empregos,
para empresários do Vale do Paraíba, em Cruzeiro (SP).
O CLUBE A Hebraica promove, no domingo, recital da pianista
Yoko Tokue. Na terça, haverá concerto do Quarteto de
Cordas da Orquestra Filarmônica de Israel. Livre.
A ATRIZ CLARICE NISKIER lê trechos do romance "Judite no País
do Futuro", de Adriana Armony, amanhã, às 12h, na Livraria
da Vila da Casa do Saber. Para maiores de 16 anos.
com JULIANA BIANCHI, DIÓGENES CAMPANHA E DÉBORA BERGAMASCO
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