São Paulo, sábado, 13 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FOTOGRAFIA
Retrospectiva com trabalhos de participantes do clube termina hoje em sua sede, na rua Augusta
Bandeirantes planeja restaurar acervo

ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha

Ao comemorar 59 anos de existência, o Foto Cine Clube Bandeirante, tradicional escola de fotografia de São Paulo, além de realizar uma retrospectiva dos participantes do movimento clubista, que termina hoje, está anunciando a restauração e a catalogação de obras.
No segundo semestre, trabalhos de artistas como Geraldo de Barros, Marcel Giró, Thomas Farkas, Madalena Schwartz, German Lorca, Bárbara Mors, José Oiticica e Chico Albuquerque, que pertencem ao acervo do clube, deverão deixar suas antigas embalagens de papelão para serem recuperados.
O projeto visa preservar a história do clube e da fotografia brasileira e será coordenado por José Luiz Pedro e Henrique Heinisch.
Os fotoclubistas deixaram de lado os arquétipos formais da fotografia, o pictorialismo e o naturalismo e revolucionaram a construção da imagem, mudando a estrutura das composições.
Leia a seguir a entrevista da Folha com Eduardo Salvatore, um dos fundadores do clube.

Folha - Como nasceu a idéia de fundar o Clube Bandeirante?
Eduardo Salvatore -
Foi fruto das reuniões que fazíamos na rua São Bento, na Foto Dominadora. A gota d'água para a fundação foi a criação do Foto Clube do Paraná.
Tivemos dezenas de adesões e alugamos duas salas no edifício Martinelli (centro da cidade), onde passamos a fazer as reuniões.
Folha - O 1º Salão Paulista de Arte Fotográfica foi um dos eventos mais importantes para iniciar o movimento modernista fotográfico. Como foi o acontecimento?
Salvatore
- As mensalidades do clube eram baratas e tínhamos dificuldades para mantê-lo. Resolvemos atrair a atenção do público e da imprensa, realizando uma exposição. Pela primeira vez no país, exibimos trabalhos de autores estrangeiros. A repercussão fez crescer o interesse pela fotografia.
Muitas pessoas queriam conhecer técnicas e mostrar seus trabalhos. Iniciamos os cursos, criamos os boletins informativos e começamos o intercâmbio com clubes da Europa e da América Latina.
Folha - Várias vezes, o clube foi acusado de ser preconceituoso. Até que ponto isso é verdade?
Salvatore
- O Bandeirante sempre foi um espaço aberto, disposto a receber a criação dos fotógrafos amadores e profissionais.
Uma das coisas que o destacou foi a libertação da arte clássica, formada por aquelas paisagens paradas e os retratos posados. Resolvemos quebrar esse esquema e investir em novas linguagens.
Folha - Quais são as perspectivas do clube futuro?
Salvatore
- A fotografia não é hobby de gente rica, mas da classe média, e nosso objetivo principal o incentivá-la, abrindo espaço para hobistas e profissionais. Por isso, criamos uma galeria e cursos especializados. Vamos restaurar o acervo para nossa biblioteca e continuar em busca de novos caminhos fotográficos.

Exposição: Retrospectiva Comemorativa Quando: termina hoje, das 13h às 20h Onde: Foto Cine Clube Bandeirante (r. Augusta, 1.108, tel. 011/214-4234) Quanto: entrada franca


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.