São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

15 minutos para entender os homens

NINA HORTA
COLUNISTA DA FOLHA

Tenho 15 minutos para entender tudo, observar a roupa de Ricardo Almeida, eu que não diferencio um blazer de um jaquetão.
Numa tela o Arduíno Colassanti, que já foi o homem mais lindo, talvez também o mais elegante, fala do tempo e do mar e tem no rosto as manchas que o sol e o tempo tatuaram. Acho bonito um homem velho bonito, e um coral canta John Lennon, e cada cadeira tem uma margarida, paz e amor ("imagine all the people sharing the world") e espero uma trip para os 70. Voltarão as calças bocas-de-sino, e o símbolo hippie, e as cores psicodélicas, e a bolsa masculina? Arre!
Já sei, daqui a minutos entrarão os meninos-meninas, Tadzios de olhares vagos, seduzindo sem serem seduzidos, catatônicos. Não, bobagem, já me disseram que Ricardo Almeida veste o presidente Lula, serão modelos atarracados e de olheiras profundas. Veste o "puder", como diria Sarney.
Esqueçam, já estão pisando as folhas secas, atenção, muita atenção. Ora, errei ("you may say I"m a dreamer!"), imaginem, cada modelo tem sua cara, tem um que é a Angelina Jolie em homem, tem um filho de banqueiro, um ariano, um mulato dengoso ("a brotherhood of man"), outro forte como a morte, outro delgado como um bambu loiro.
A ordem é olhar a roupa, calça baixa, sandália. Não, deixa que as entendidas descrevam. Para mim fica a imagem de um bom gosto nada gritante, nada colorido demais nem bizarro. Só bonito, limpo, cheiroso, alegre, risonho, funcional, normal. Quem se importa com o número de botões do terno, se ele cai às mil maravilhas? Até pode flertar com o chique, mas quem precisa mostrar que é poderoso e rico através das roupas? ("What do they care?").
Agora começa a fazer sentido, desde o Arduíno na praia, e todas estas roupas que se ajustam àquele homem, àquele homem único, o Ricardo Almeida não inventou nada, ele somente deixa ser. Livre, espontâneo, um pouquinho sexy. Tudo bem, o quanto baste ("nothing you can do, but you can learn to be you, in time"). É isto. Com aquela roupa você é você, e "all you need is love".


Texto Anterior: Truques na passarela criam imagem da mulher perfeita
Próximo Texto: Mundo fashion
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.