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TEATRO
O brasileiro "Caixa de Imagens" e o francês "Petits Contes Nègres Titre Provisoire" estão no festival
Bonecos levam encanto a Avignon
HAROLDO CERAVOLO SEREZA
enviado especial a Avignon
Avignon, sede do principal festival de teatro e dança da França,
fez dos bonecos seus espetáculos
mais populares. Dos 13 cm aos
2,50 m, eles atraem um público
maior a cada dia, estimulado pela
propaganda boca-a-boca.
As pequenas marionetes estão
em "Caixa de Imagens", do Brasil,
e as grandes, em "Petits Contes
Nègres Titre Provisoire" (Pequenos Contos Negros Título Provisório), francês.
Os dois utilizam técnicas semelhantes, mas em espaços completamente diferentes.
"É mágico", diz a professora Liliane Maire ao sair de "Caixa de
Imagens". "Lembra o tempo em
que eu era garota. Mas o que senti
mesmo vou descobrir mais tarde."
Para ver a magia da caixa de 40
cm (largura) por 50 cm (altura)
por 60 cm (profundidade), Maire
chegou ao átrio Saint-Louis 15 minutos antes do espetáculo -que,
pela manhã, é "Em Algum Lugar
do Passado", homenageava o fotógrafo lambe-lambe. Dez minutos depois de ela chegar, a sessão,
de duas horas, estava completa.
Cada espectador assiste sozinho
a miniespetáculos que duram de 3
a 5 minutos. E só. É verdade que o
festival colaborou com a "Caixa".
A espera se dá junto a uma fonte
repleta de peixes, longe do barulho e da confusão das ruas de
Avignon nos dias do festival,
atualmente na sua 53ª edição.
"Depois, o público percebe que
esse tempo de espera também faz
parte da apresentação", afirma o
iluminador Carlos Gaúcho.
As marionetes da "Caixa de
Imagens", de movimentos suaves, manipuladas no fundo da
caixa por Mônica Simões, Evelyn
Cristina e Fábio Coutinho, são
tecnicamente semelhantes às do
grupo Royal de Luxe, que montou
"Petits Contes Nègres". Os bonecos são movimentados com hastes, ligadas à cabeça e aos membros das figuras.
Mas há duas diferenças importantes. A primeira é a dimensão
-os bonecos do Royal de Luxe
são grandes, com em média pouco mais de 1 metro de altura, bem
como o palco, de cerca de 20 m de
largura, e a platéia (800 pessoas).
A fila para ver "Petits Contes
Nègres" passa de duas horas, é
confusa e não falta gente tentando
furá-la. Mas o espetáculo recompensa. Logo no início, a platéia
sorteia a ordem dos nove pequenos contos. Isso significa que são
362.880 possibilidades de ver o espetáculo, na verdade um show
que mistura música, mágica, efeitos especiais, dança e teatro.
Num dos contos mais espetaculares, "Apollo dans la Savane",
um astronauta chega a uma lua e
lá encontra uma girafa azul de
metal. Começa então a cavalgar
(ou girafar?) nela, num ritmo lunar. Em outro conto, numa fina
ironia política, um casal de africanos conta uma viagem num navio
negreiro como se falasse de uma
viagem de férias. Num ritmo frenético, os contos se sucedem. Pequenos esquetes ajudam a distrair
o público, enquanto a companhia, com 12 atores em cena, arma o próximo cenário.
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