São Paulo, Terça-feira, 13 de Julho de 1999
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Bebida alimenta arte contemporânea

da Reportagem Local

Isso é que é! Desde os anos 60, a imagem da Coca-Cola tem sido utilizada na arte contemporânea para os mais variados fins.
Andy Warhol defendeu o refrigerante em telas ("210 Garrafas de Coca-Cola") e também em seu discurso liberal, ao elegê-lo como símbolo da democracia do consumo: "O presidente bebe Coca, Liz Taylor bebe Coca e você também bebe Coca. Uma Coca é uma Coca e nenhuma quantidade de dinheiro pode lhe conseguir uma Coca melhor do que aquela que o cara na esquina está bebendo", disse.
Mais engajados politicamente, os latino-americanos trataram a Coca sem dó. Em 1973, o uruguaio Luis Camnitzer quebrou uma garrafa do refrigerante e engarrafou-a em outra garrafa de Coca, transformando assim a escura bebida em algo intragável.
Com as mesmas letras brancas sobre fundo vermelho do logotipo da Coca-Cola, o colombiano Antonio Caro criou um jogo de palavras que faz relações entre a marca, o nome de seu país (Colômbia) e um de seus principais produtos (cocaína).
Artistas brasileiros, como Cildo Meireles, Antonio Manuel e Nelson Leirner, também trabalharam com a Coca, sendo que os dois primeiros utilizaram a imagem do refrigerante como arma de contestação política.
Em 1975, Antonio Manuel criou "Isso É Que É", instalação em que colocou garrafas vazias sobre todo o chão da galeria e urinou em uma delas. Em suas "Inserções em Circuitos Ideológicos", Cildo Meireles imprimiu a frase "Yankees go home" nas garrafas de Coca e devolveu-as à circulação como manifesto contra o imperialismo do consumo.
A MPB também tem sido bom terreno para a bebida, já citada por Caetano ("Alegria, Alegria), Luiz Gonzaga ("Siri Jogando Bola"), Legião Urbana ("Geração Coca-Cola"), Lulu Santos ("O Último Romântico") e grupo Maria Bacana ("Repeat, Please"). (CF)

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