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Obra do artista plástico e produtor cultural Ricardo Ribenboim baseada na imagem da Coca-Cola, que está na mostra em Berlim

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Pouco depois de a imagem da Coca-Cola passar por maus momentos, pelo menos na Europa, ocasionados pelo recente escândalo de sua dupla contaminação, o produtor cultural e artista plástico brasileiro Ricardo Ribenboim chega ao continente (mais precisamente a Berlim, na Alemanha) com uma nova imagem para o refrigerante.
Ele inaugurou na galeria alemã KunstRaum uma mostra individual em que trabalha com a imagem do produto.
E, assim como um bom lote da Coca-Cola européia, a Coca de Ribenboim também está "contaminada", mas não por algo nocivo à saúde e sim por toda a história da arte.
"As contaminações são as mesmas. Assim como os casos recentes serviram para contestar o ícone Coca-Cola, que raramente tem sua imagem malvista, a exposição também cria um estranhamento em relação à Coca. Ela não lhe é favorável", disse Ribenboim por telefone à Folha.
Em um dos trabalhos apresentados, dispõe cacos dos cascos do refrigerante em caixas semelhantes às usadas em arqueologia, transformando assim o vasilhame em um resquício urbano. "A minha idéia foi colocar em escala urbana algo que já existe em escala humana", disse Ribenboim.
Em "Desvio para o Azul" (referência à obra "Desvio para o Vermelho", de Cildo Meireles), Ribenboim utiliza pigmento semelhante ao IKB (International Klein Blue; pigmento criado e patenteado pelo artista francês Yves Klein para a criação de suas pinturas e esculturas monocromáticas azuis) para cancelar a imagem e qualquer reconhecimento do produto. Os dois artistas citados acima estiveram presentes na última edição da Bienal de São Paulo.
A mesma tentativa de cancelamento da imagem da Coca também é feita virtualmente, a partir da manipulação de imagens eletrônicas por computador. "Proponho a diluição desse ícone da cultura e do consumo, algo que só é possível virtualmente", disse.
A mostra traz também as latas de Coca, mas comprimidas e criando novos objetos, na mesma linha das "compressões" (esculturas do francês César feitas com sucata comprimida).
"Minha idéia foi pegar uma imagem que já foi tão contestada e transformá-la em um personagem", resumiu Ribenboim.


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