São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2001

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Inédito pode ter preferência em 2002

DA ENVIADA A GRAMADO

A partir do ano que vem, o Festival de Gramado deve adotar o ineditismo das obras como critério para participação na mostra competitiva.
Entre os cinco concorrentes deste ano, o vencedor, "Memórias Póstumas", havia sido exibido na inauguração do Unibanco Arteplex, em São Paulo, e "Bufo & Spallanzani", premiado com quatro Kikitos, tem extenso currículo de participação em festivais brasileiros e internacionais.
O novo critério coloca a mostra gaúcha em competição direta por filmes com o Festival de Brasília, habitualmente realizado em novembro e que não admite em competição filmes já premiados em outros festivais e dá preferência aos inéditos.
O presidente da comissão executiva do Festival de Gramado, Enoir Antônio Zorzanello, desconversa sobre qualquer rivalidade específica.
"Mas é verdade que esse número aproximado de 20 festivais no Brasil, que temos atualmente, é um exagero. Daqui a pouco não teremos filmes para mostrar em todos eles. Contudo isso não cabe a mim administrar, mas à Secretaria do Audiovisual", diz.

Pesquisa
Zorzanello afirma que a inversão do eixo curatorial do Festival de Gramado -que nesta 29ª edição restabeleceu a predominância do filme brasileiro sobre o latino, com maior número de títulos nacionais em disputa e premiações distintas- atende a uma reivindicação de produtores, cineastas e artistas.
"Fizemos essa formatação em cima de uma pesquisa com o meio cinematográfico. Em torno de 85% queriam esse formato. Hoje estamos vendo que isso realmente faz com que o festival tenha maior expectativa, maior glamour, maior participação e integração com o público."
A definição de "glamour" em Gramado corresponde ao desfile de celebridades (sobretudo globais) pela cidade. É para vê-las um instante e ser fotografado ao lado delas que o público se aglomera em frente ao Palácio dos Festivais e grita histericamente. Disso, o festival deve seguir vivendo.

Anônimos
Lembrando a fase latina, Zorzanello cita exemplos de atores estrangeiros convidados ao festival que passeavam anônimos pelas ruas de Gramado e atraíam pouca atenção da imprensa, o que ameaça o objetivo de evidenciar a mostra como "o maior evento cultural e turístico" da região.
"É muito melhor ser um importante festival brasileiro do que apenas mais um latino. Estamos buscando uma identificação mais nacional justamente para chegar mais perto desse público, que foi se distanciando, até pela dificuldade da língua e por não conhecer os atores. Um ator brasileiro que está aqui dá mais mídia, mais frisson, mais integração", diz Zorzanello. (SA)



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