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COMENTÁRIO
Tudo nasce da paixão pela música em si
GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA
Um elemento fundamental para a criação
do gênero que iria embalar
as festas dos guetos de Nova
York e que, mais tarde, se
tornaria a maior expressão
da música comercial americana, era a paixão pela música em si. Afinal, para querer
transformar o toca-discos
em uma banda, é preciso ter
muitos discos e ouvi-los com
paixão. E, se a base eram os
discos de música negra (jazz,
soul, funk, r&b), também
entravam na mistura rock,
dub e eletrônica.
Com o tempo, há um movimento duplo de popularização e diluição do hip hop,
que se dá em dois níveis.
Num primeiro plano, com a
relativa homogeneização da
música e de sua temática,
principalmente quando o
hip hop toma as paradas
com letras marginais e produção cinematográfica.
Num segundo, ao se infiltrar
em todas as esferas da música pop, transformando tudo,
da eletrônica ao rock.
É natural que, para romper
com essa massificação, uma
geração criada com hip hop
desde o berço roube de volta
seu espírito desbravador e
incorpore novas temáticas
líricas e tendências musicais
arrojadas, valorizando o que
há de melhor na cultura hip
hop, que é criar uma música
urgente a partir da paixão
pela música de todos os tempos, o que inclui a vanguarda e o presente.
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