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"Fim dos Mundos" cria fantasia de adultos
Volume "de luxo" da coleção "Sandman", obra de Neil Gaiman valoriza histórias que conquistam a imaginação
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Viajantes perdidos encontram-se em um tipo de bar e
contam histórias para passar o
tempo enquanto a tempestade
lá fora não termina. É este o
ponto de partida do recém-lançado "Sandman - Fim dos
Mundos", oitavo dos dez volumes que republicam no Brasil a
coleção "Sandman" em edições
de luxo.
Criada pelo escritor britânico Neil Gaiman, "Sandman" é
uma história em quadrinhos
lançada originalmente em 75
números nos Estados Unidos.
Publicada pela DC Comics, editora tradicionalmente de super-heróis (Super-Homem,
Batman etc.), a série era destinada ao público adulto e apresentou histórias que misturavam terror, suspense e muita
fantasia.
Sandman, o personagem-título da série, é uma espécie de
deus dos sonhos que pertence
ao mais antigo e poderoso dos
panteões, composto por seus
irmãos Destino, Morte, Destruição, Desejo, Desespero e
Delírio. Os membros dessa família não são necessariamente
os protagonistas das histórias.
É este o caso em "Fim dos
Mundos".
O protagonista é Brant Tucker, um homem normal que sofre um acidente de carro e vai
parar na estalagem no fim de
todos os mundos, onde encontra criaturas como um centauro, duendes, seres místicos e
até outros humanos. Como estão todos presos lá graças a uma
"tormenta de realidades", contam histórias uns aos outros
para passar o tempo.
Parece, e é, bem fantasioso.
Essa é uma das qualidades de
Neil Gaiman, que consegue elaborar contos de fadas para
adultos, onde todos os tipos de
personagens são bem-vindos.
O importante, para Gaiman, é
que eles sirvam para contar
boas e inusitadas histórias. É o
caso do conto sobre o sonho de
uma metrópole ou o encontro
com uma gigantesca serpente
marinha, ambos presentes nesta edição.
Em vários momentos de
"Fim dos Mundos", como na
mesa da estalagem onde está o
perdido Brant Tucker ou durante um funeral narrado a ele
por outro viajante, é repetido o
quanto as histórias são valiosas.
Contextualizar o personagem,
apresentar uma situação diferente, trazer pequenos contos
que mexam com a imaginação
ou com os sentimentos do ouvinte -ou com os dois, se possível. Essa é a fórmula que Gaiman usou durante os anos que escreveu "Sandman" e que usa
até hoje: valorizar cada narrativa, personagem e possibilidade
para cativar a imaginação do
leitor. Não foi à toa que a série
se tornou um sucesso.
SANDMAN - FIM DOS MUNDOS
Autores: Neil Gaiman, Bryan Talbot
e outros
Editora: Conrad
Quanto: R$ 66 (176 págs.)
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