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Crítica
"Brasília 18%" não se rende a moralismos
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É verdade que "Brasília
18%" (Canal Brasil, 22h) não
tem aquele otimismo, não traz
as promessas que "Rio 40
Graus" trazia.
Num, Nelson Pereira dos
Santos estava estreando e abria
caminho para a renovação
completa do cinema brasileiro,
num canto de amor ao Rio de
Janeiro. "Brasília" refere-se,
por um lado, a uma cidade um
tanto complicada no imaginário nacional, a começar por ter
tirado do Rio o título de capital
federal.
Os 18% a que diz respeito o
título nos falam da secura do ar
na nova capital. Mas sugerem
outras coisas (porcentagem de
propina, por exemplo), é evidente. E é em torno da imensa
corrupção brasileira, de que
Brasília é uma espécie de ente
metonímico, que o filme se
move.
Seu defeito é observar os
usos e costumes da República
sem fabricar caricaturas, sem a
carga de moralismo que, talvez,
o espectador brasileiro apreciasse. Filmes que não aceitam
simplificações têm dificuldade
para emplacar.
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