São Paulo, Sexta-feira, 13 de Agosto de 1999
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CINEMA
Manifesto lança Dogma à brasileira

AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas

O cineasta Marcelo Masagão lança hoje, em Gramado, o manifesto "O Dogma e o Desejo", em defesa de produções cinematográficas de baixo orçamento. A Folha adianta o texto com exclusividade.
"Façamos filmes baratos", conclui o manifesto em seu "dogma único". Barato quanto? "Menos de R$ 1 milhão." A produção média nacional tem orçamento de R$ 3 milhões.
"O Dogma e o Desejo" critica o modelo de incentivo à produção vigente desde a instituição da Lei do Audiovisual e defende a Embrafilme. "Diretores e gerentes de MKT (marketing) passaram a ser experts em cultura. E tudo isso sem tirar nenhum do bolso", sustenta o manifesto. Sob a tutela da Embrafilme, prossegue, "o cinema brasileiro era muito mais visto do que hoje".
No título e no texto, o manifesto de Masagão tem por referência básica o movimento Dogma 95, lançado por cineastas dinamarqueses em Cannes-98. O Dogma atacava o cinema comercial americano e as bolorentas europroduções "de arte", enquanto o similar nacional critica o "vírus hollywoodiano" e metralha os filmes brasileiros de "orçamento elefânticos".
O Dogma defende, em dez mandamentos, a realização de um cinema improvisado, rodado em cenários naturais e sem grandes aparatos técnicos ou estrelas. Seis filmes já estrearam com o selo (entre eles, "Os Idiotas" e "Mifune") e mais 16 estão a caminho. Ao menos o triunfo publicitário é inegável.
O manifesto brasileiro aplaude "o prazer de fazer filmes" no Dogma, mas não fecha com sua estética "neo-neo-realista" ou com qualquer outra. Limita-se a defender produções que "estimulem os neurônios" contra aquelas que os deixam "entediados".
"Nós Que Aqui Estamos por Vós Esperamos", filme de estréia de Masagão, já em cartaz em São Paulo e no Rio, custou US$ 120 mil e concorre no festival gaúcho. Realizado basicamente a partir de material de arquivo, "Nós Que Aqui Estamos..." faz um resumo do século 20 a partir de personagens reais e ficcionais.


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