São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006

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Comentário

Livro é fábula sobre epidemia de cegueira

DO ENVIADO A TORONTO

"Ensaio Sobre a Cegueira" foi lançado em 1995 e foi obra-chave para que José Saramago, três anos depois, recebesse o primeiro Nobel de Literatura para um escritor em língua portuguesa. No Brasil, o livro saiu no mesmo ano, mantendo a ortografia portuguesa a pedido do autor, pela editora Companhia das Letras. Já está em sua 36ª reimpressão.
Comparado a "A Peste", de Albert Camus, o romance começa com um homem que, sentado no seu carro, à espera do sinal abrir, percebe que está cego. Mas ele não está mergulhado em trevas, e sim num "mar de leite" ou "brancura insondável", como descreve o narrador.
Um "bom samaritano" se oferece para levá-lo para casa -e o faz, mas acaba roubando seu carro. Sua mulher o leva de táxi para uma clínica, e em apenas um dia o ladrão, o taxista, a mulher, o oftalmologista e seus pacientes sucumbem a uma epidemia de cegueira.
À medida que a praga se alastra, as vítimas são enviadas para um hospício abandonado, onde são vigiadas por soldados com permissão para atirar em quem tentar escapar da quarentena. Apenas a mulher do médico permanece sã e tenta proteger os cegos "decentes" do caos instaurado, marcado por falta de comida e de medicamentos, além da ruptura das convenções sociais.
Saramago constrói a narrativa com extrema economia de pontuação. O estilo contribui para a crescente tensão de sua fábula.


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