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Comentário
Livro é fábula sobre epidemia de cegueira
DO ENVIADO A TORONTO
"Ensaio Sobre a Cegueira"
foi lançado em 1995 e foi
obra-chave para que José Saramago, três anos depois, recebesse o primeiro Nobel de
Literatura para um escritor
em língua portuguesa. No
Brasil, o livro saiu no mesmo
ano, mantendo a ortografia
portuguesa a pedido do autor, pela editora Companhia
das Letras. Já está em sua
36ª reimpressão.
Comparado a "A Peste", de
Albert Camus, o romance começa com um homem que,
sentado no seu carro, à espera do sinal abrir, percebe que
está cego. Mas ele não está
mergulhado em trevas, e sim
num "mar de leite" ou "brancura insondável", como descreve o narrador.
Um "bom samaritano" se
oferece para levá-lo para casa -e o faz, mas acaba roubando seu carro. Sua mulher
o leva de táxi para uma clínica, e em apenas um dia o ladrão, o taxista, a mulher, o
oftalmologista e seus pacientes sucumbem a uma epidemia de cegueira.
À medida que a praga se
alastra, as vítimas são enviadas para um hospício abandonado, onde são vigiadas
por soldados com permissão
para atirar em quem tentar
escapar da quarentena. Apenas a mulher do médico permanece sã e tenta proteger
os cegos "decentes" do caos
instaurado, marcado por falta de comida e de medicamentos, além da ruptura das
convenções sociais.
Saramago constrói a narrativa com extrema economia de pontuação. O estilo
contribui para a crescente
tensão de sua fábula.
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