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Melhor de obra crítica são traduções
da Reportagem Local
O volume dedicado ao trabalho
teórico de Ana Cristina Cesar não
atrai tanto quanto suas cartas. De
interesse específico do público
acadêmico, traz estudos da poeta
sobre vários temas: literatura e
mulheres, a visão dos documentários sobre os escritores etc.
O melhor dessa produção fica
por conta da terceira parte, os
"Escritos da Inglaterra", que já
haviam sido lançados, em 88, pela
Brasiliense.
São trabalhos feitos por Ana C.
para seu Master of Arts na Universidade de Essex, na Inglaterra,
sobre tradução literária, em 80. A
poeta se dedica especialmente a
"Bliss!", o famoso conto da escritora neozelandesa Katherine
Mansfield (1888-1923).
Ana C. traduz o texto de "Bliss!"
-palavra sem correspondente
exato em português, para ela "Êxtase"- com a delicadeza e a sofisticação necessárias à apreciação
de Mansfield, contemporânea de
Virginia Woolf que influenciaria,
entre nós, a escritora Clarice Lispector.
Ao lado da tradução, um grosso
volume de notas em que especifica cada um dos termos adotados
para cada trecho de especial dificuldade.
Também chama a atenção sua
versão para o português dos poemas da norte-americana Sylvia
Plath (1932-1963) -ironicamente, uma suicida aos 31 anos como
se tornaria Ana C., que, sem intuir
seu próprio futuro, a criticaria em
uma de suas cartas.
"Sabe qual é o problema com a
Sylvia Plath? A massa de poemas
dela acaba por passar uma obsessão cega, um hálito suicida (com a
melhor das intenções biografílicas), as mesmas imagens acabam
por cegar", avaliava Ana Cristina
Cesar.
(CM)
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