São Paulo, Quarta-feira, 13 de Outubro de 1999
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Melhor de obra crítica são traduções

da Reportagem Local

O volume dedicado ao trabalho teórico de Ana Cristina Cesar não atrai tanto quanto suas cartas. De interesse específico do público acadêmico, traz estudos da poeta sobre vários temas: literatura e mulheres, a visão dos documentários sobre os escritores etc.
O melhor dessa produção fica por conta da terceira parte, os "Escritos da Inglaterra", que já haviam sido lançados, em 88, pela Brasiliense.
São trabalhos feitos por Ana C. para seu Master of Arts na Universidade de Essex, na Inglaterra, sobre tradução literária, em 80. A poeta se dedica especialmente a "Bliss!", o famoso conto da escritora neozelandesa Katherine Mansfield (1888-1923).
Ana C. traduz o texto de "Bliss!" -palavra sem correspondente exato em português, para ela "Êxtase"- com a delicadeza e a sofisticação necessárias à apreciação de Mansfield, contemporânea de Virginia Woolf que influenciaria, entre nós, a escritora Clarice Lispector.
Ao lado da tradução, um grosso volume de notas em que especifica cada um dos termos adotados para cada trecho de especial dificuldade.
Também chama a atenção sua versão para o português dos poemas da norte-americana Sylvia Plath (1932-1963) -ironicamente, uma suicida aos 31 anos como se tornaria Ana C., que, sem intuir seu próprio futuro, a criticaria em uma de suas cartas.
"Sabe qual é o problema com a Sylvia Plath? A massa de poemas dela acaba por passar uma obsessão cega, um hálito suicida (com a melhor das intenções biografílicas), as mesmas imagens acabam por cegar", avaliava Ana Cristina Cesar. (CM)


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