São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2005

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SHOW

Radicado há quase 40 anos nos EUA, maestro, compositor e arranjador é homenageado no auditório Ibirapuera

Moacir Santos mostra sincretismo musical

Divulgação
O maestro Moacir Santos, que se apresenta hoje, amanhã e domingo com a big band Ouro Negro


RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Por muitos anos, qualquer pessoa que tivesse a oportunidade de ouvir alguma cópia rara ou pirata de um dos cinco discos lançados entre 1965 e 1978 pelo maestro, compositor e arranjador Moacir Santos ficaria embasbacada. Como podia existir tamanha riqueza musical ainda desconhecida do grande público, por tanto tempo?
Felizmente, nos últimos cinco anos, isso mudou. Através dos músicos e produtores Mário Adnet e Zé Nogueira, a obra de Moacir Santos vem sendo descoberta, redescoberta e se tornando cada vez mais conhecida, seja por meio dos discos que são relançados, dos novos trabalhos ou dos concertos.
Dessa vez, o próprio Moacir -radicado nos EUA há quase 40 anos- chega ao Brasil para acompanhar a apresentação de seu mais recente trabalho, o álbum "Choros & Alegria", lançado há poucos meses pela gravadora Biscoito Fino.
Nessa sexta, sábado e domingo, a apresentação acontece em São Paulo, no recém-inaugurado Auditório Ibirapuera. Serão apresentadas, com arranjos completos, pela big band Ouro Negro, as músicas de "Choros & Alegria" e algumas mais antigas, com participação simbólica de Moacir. Há cerca de uma década, ele sofreu um derrame que o impediu de continuar tocando e compondo.
"Antes do meu derrame eu estava muito ativo, compondo muito, dando aulas, agora tenho feito ginástica, minha atividade não tem sido musical. Mas os meninos, Mário e Zé, não me largam, isso me faz ficar ativo", comenta o músico, com bom humor.
Instrumentista desde criança, ele tem história longa e fascinante na música. Nascido no sertão de Pernambuco, chegou a maestro da Rádio Nacional e, nos anos 60, dava aulas de teoria musical para alunos como Roberto Menescal, Nara Leão, Baden Powell e Sérgio Mendes. "As pessoas faziam fila pra ter aula comigo, até Nelson Gonçalves foi meu aluno."
Em 1965 gravou seu disco de estréia, "Coisas", que poderia muito bem ser o melhor disco de jazz já feito no Brasil -se fosse apenas um disco de jazz. Fundindo o jazz com música erudita, personalidade afro e ritmos brasileiros, Moacir criou um estilo novo, totalmente único.
"Eu aprendi na filosofia que eu sou um sincretista, eu estudo tudo e sigo minha vida com o que tiro de cada coisa, de acordo com a essência de cada uma", ele diz, sobre sua personalidade musical.
Pouco depois de "Coisas", foi morar nos EUA, onde lançou discos por gravadoras como Blue Note, escreveu trilhas para cinema e continuou dando aulas.
No Brasil, parecia esquecido, até que, em 2001, os já citados Adnet e Nogueira produziram e lançaram o álbum duplo "Ouro Negro", com caprichosas regravações de composições de toda a carreira de Moacir. Foi só o começo de um processo que envolveu ainda relançamentos, gravações de composições inéditas, DVDs, apresentações ao vivo, livros e mais.

Choros & Alegria
Quando:
amanhã, sáb. e dom., às 20h30
Onde: auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2, tel. 0/xx/ 11/5908-4290)
Quanto: de R$ 15 a R$ 30


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