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Mostra forma painel do ciclo de ouro
Obras do escultor mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e outras peças do séc. 18 estão em exposição no Rio
Réplicas dos profetas de Congonhas do Campo e maquete da Igreja de São Francisco de Assis são destaques no CCBB carioca
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Mais do que sublinhar a excelência das esculturas de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), a exposição "Aleijadinho
e Seu Tempo", que será inaugurada hoje à noite no CCBB
(Centro Cultural Banco do Brasil) carioca, quer situar o artista
em sua época: o ciclo do ouro
em Minas Gerais.
"Ele viveu o apogeu do ciclo e
morreu na decadência dele",
ressalta o curador Fabio Magalhães. "O Brasil foi o maior produtor de ouro do mundo no século 18, e Ouro Preto era uma
cidade com todas as benfeitorias urbanas da época. Em apenas 70 anos, passou-se dos índios botocudos à Inconfidência
Mineira, que foi o auge do pensamento iluminista. Era um
ambiente extraordinário para
Aleijadinho, que foi muito requisitado para fazer obras religiosas", diz.
Das 208 peças (oratórios, estátuas, objetos sacros, peças de
ouro, mapas etc.) da exposição,
cerca de 30 são de Aleijadinho.
O restante contribui para montar uma iconografia daquele rico período.
Os mais famosos trabalhos
do escultor estão contemplados nos 11 módulos da exposição. A Igreja de São Francisco
de Assis de Ouro Preto é representada por uma maquete que
reproduz suas feições originais
-antes das reformas do século
20. Os 12 profetas da igreja de
Bom Jesus de Matosinhos, de
Congonhas do Campo, aparecem em réplicas.
"Os profetas são um dos conjuntos escultóricos mais importantes do mundo. E a São
Francisco de Assis é a mais importante igreja barroca fora da
Europa. Ela tem fachada plana,
mas as torres postas atrás dão
uma idéia de circularidade. Só
essas obras já mostram a genialidade de Aleijadinho", afirma
Magalhães.
Projeções também exibem as
64 imagens de "Os Sete Passos
da Paixão de Cristo", série que
o escultor fez para a Igreja de
Bom Jesus de Matosinhos entre 1796 e 1799.
Magalhães lembra que, por
quase dois séculos, o artista foi
deixado em segundo plano na
história da arte brasileira. "Foi
o modernismo, com sua idéias
de brasilidade, que começou a
recuperar o barroco mineiro,
em especial Aleijadinho", diz
Magalhães, que usou versos de
Cecília Meireles ("Romanceiro
da Inconfidência"), Carlos
Drummond de Andrade e Oswald de Andrade nas paredes
da mostra.
"Aleijadinho e Seu Tempo"
tem curiosidades como "Cristo
da Ressurreição", peça tão bela
quanto polêmica, pois há especialistas como o francês Germaine Bazin que garantam ser
de Aleijadinho, enquanto para
outros, como Myriam Andrade
Ribeiro de Oliveira, não seja
possível fazer essa afirmação.
Fotos das obras feitas em Minas por Marc Ferrez no século
19, quando o barroco não estava em voga, ocupam outro módulo. E música barroca selecionada pelo musicólogo Maurício
Monteiro faz a trilha sonora da
exposição.
ALEIJADINHO E SEU TEMPO
Quando: ter. a dom., das 10h às 21h;
até 11/2
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil
-0RJ (r. Primeiro de Março, 66, centro,
0/xx/21/3808-2020)
Quanto: grátis
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