São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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Obras lançam olhar humano sobre ditadores

DA REPORTAGEM LOCAL

A fase definitiva da Revolução Russa de 1917, quando os bolcheviques finalmente assumiram o poder na Rússia, completa 90 anos no próximo dia 24 de outubro (que corresponde a 7 de novembro no calendário ocidental). Foi o golpe final de um processo que começara em fevereiro, quando o czar Nicolau 2º foi afastado e Alexander Kerensky, nomeado líder de um governo provisório.
Desde a revelação dos crimes de Stálin por Nikita Kruschev durante o Congresso Comunista de 1956 e o posterior fim do chamado comunismo real, com a queda do Muro de Berlim (1989), até hoje, a historiografia sobre o tema já passou por várias revisões.
Trabalhos como os de Simon Montefiore e Ian Kershaw, autor de vários livros sobre Hitler, fazem parte do novo momento desses estudos. Ao debruçarem-se demasiado nas personalidades de ambos os ditadores, sofrem acusações de, em algum grau, humanizá-los. Por outro lado, são trabalhos de rigor com relação aos documentos, praticamente inédito, e com a preocupação de se apresentarem distantes de uma ideologia passadista.
Para o professor de história da USP Lincoln Secco, a partir dos anos 90, a historiografia da Revolução Russa se "libertou" de dois legados. "O maior deles foi o socialismo real, implantado em vários países e que sobreviveu até o fim da União Soviética. O segundo foi o movimento comunista internacional, centralizado e com militantes profissionais dotados de um tipo de fé laica." Agora que isso acabou, diz, "ela pode se valer tanto de uma perspectiva menos apaixonada quanto de uma nova documentação. Há, todavia, o fenômeno de histórias de direita que tentam demonizar o socialismo soviético, o que também não contribui para entendê-lo melhor".
Para Secco, a tendência revisionista que pode desculpar os crimes de Stálin não tem grande influência fora dos países que eram socialistas. "No Ocidente, pelo contrário, a historiografia corre mais o risco de julgar a Revolução Russa à luz do que aconteceu depois. É sintomático que o gênero em que mais apareçam tais julgamentos é a biografia. É como se quiséssemos julgar individualmente os líderes daquele episódio." (SC)


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