Apresentado na Argentina em abril, "De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel" estreia hoje em São Paulo

Espetáculo resgata memória musical da atriz e cantora, que viveu parte da infância em Buenos Aires

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O artista brasileiro que decide cantar tango em Buenos Aires precisa ter cara de pau. Ou ser carioca, brinca Bibi Ferreira, cantora, diretora e atriz de 88 anos.
Ela faz hoje no Teatro Bradesco única apresentação do show "De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel", apresentado na capital argentina em abril.
Bibi conta que já estava cansada de ser chamada para mostrar seu espetáculo dedicado à francesa Edith Piaf, que rodou o Brasil e parte da Europa.
"Eu disse chega", ela desabafa, antes de explicar os critérios que a levaram a reunir, num repertório, um punhado de tangos e outro de composições brasileiras.
Em primeiro lugar, ronda esse espetáculo uma memória afetiva: a música de Carlos Gardel fez parte da vida da cantora, que morou com sua família em Buenos Aires durante parte da infância.
Bibi diz que a casa de seus pais funcionava como um segundo consulado brasileiro, tamanho era o movimento de artistas por lá. O repertório de tango é o ponto inicial da apresentação. Tem base no CD "Tango" (Biscoito Fino, 2006), que tem direção de Ignácio Varchausky, da portenha El Arranque, banda de projeção internacional que já tocou com Wynton Marsalis e outros figurões do jazz.
Os seis jovens integrantes do grupo vão participar do show em São Paulo.
Bibi diz que não ousou palpitar nos arranjos dessa parte do repertório, que tem "Debajo", "Questa Abajo" e "Esta Noche me Emborracho". Seus pitacos foram direcionados às canções brasileiras, com Antonio Carlos Jobim, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Orestes Barbosa, Maysa e Dolores Duran.
Para cantar "Ponteio", parceria de Edu Lobo e Capinam, Bibi opta por um início à capela -uma forma de quebrar uma melodia repetitiva. A dedicação à música não a distanciou do teatro, "de forma alguma", ela diz.
Hoje Bibi Ferreira também trabalha no projeto de um musical que, conta ela, está sendo criado pela dupla carioca Charles Möeller e Cláudio Botelho.
E mesmo em seus shows sempre sobra espaço para conversar com o público, o que faz questão de fazer do alto de um salto número 15.
As frases memoráveis de seu pai, o também ator Procópio Ferreira (1898-1979), são sempre rememoradas. Uma em especial de vez em quando é citada: "Minha velhice é definitiva, mas sua juventude é provisória".

DE PIXINGUINHA A NOEL, PASSANDO POR GARDEL

ONDE Teatro Bradesco (shopping Bourbon, r. Turiassu, 2.100, tel. 0/xx/11/3670-4141)
QUANDO hoje, às 21h
QUANTO R$ 60 a R$ 120
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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