São Paulo, quinta, 13 de novembro de 1997.




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PM bate no público, pára show e prende rappers em Recife

da Reportagem Local

Algemados por policiais militares, os músicos Tiger, 23, Zé Brown, 23, e Garnizé, 25, do grupo Faces do Subúrbio, tiveram um show interrompido, foram presos e enxotados "como gado", na semana passada, no Parque de Exposição de Animais, em Recife.
O estrago também foi grande na platéia. Cerca de 80 policiais distribuíram pancadas, sob a alegação de acalmar as pessoas. O baterista Luiz Inácio Ferreira, 26, do grupo Via Sat, que havia feito a abertura do show do Faces do Subúrbio, teve o pé quebrado.
Levados para uma delegacia por volta da meia-noite, Tiger, Zé Brown (vocalistas) e Garnizé (baterista) foram soltos por volta das 4h da madrugada de terça-feira.
Para que isso ocorresse, os músicos contaram com a ajuda do secretário de imprensa do governo de Pernambuco, Jair Pereira, que acompanhou toda a confusão.
Segundo Tiger, do palco até a delegacia, para onde foram levados de camburão, sofreram beliscões, tapas, pauladas, enquanto eram chamados de "maconheiros".
O governador Miguel Arraes (PSB) determinou a abertura de inquérito para investigar a responsabilidade sobre o caso.
Em um encontro com o grupo de rap, Arraes fez um pedido oficial de desculpas pelo ocorrido e disse que exigiu rigor na apuração.
"O pior disso tudo é que a perseguição continua. Depois disso, recebemos telefonemas ameaçadores e já sofremos uma 'batida' da PM, no último sábado", diz Francisco Acyoli, empresário da banda.
Os outros três músicos do grupo escaparam da prisão, ficando trancados nos camarins.
O Faces do Subúrbio é um dos destaques do momento no rap nacional. Conseguiu juntar, sem folclorismo, a pegada de Ice-T e o verbo certeiro de Manézinho Araújo, o rei da embolada do Nordeste. (XICO SÁ)



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