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Biblioteca surgiu com doação de US$ 27 mi
Para arquiteto que projetou espaço, financiamento lembra "mecenato"
Família de Julio Mario Santo Domingo decidiu destinar verba depois de visitar outras unidades do programa Biblored
Marcelo Justo/Folhapress
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A biblioteca Julio Mario Santo Domingo
DO ENVIADO A BOGOTÁ
Desde que começou a ser
pensado, em 1998, o programa Biblored teve como pano
de fundo a construção de
quatro megabibliotecas
-três bancadas com dinheiro público e a última, com capital privado.
Em 2002, as duas maiores
-El Tintal e El Tunal- foram
visitadas pelo empresário Julio Mario Santo Domingo, 86,
homem mais rico da Colômbia, com fortuna avaliada em
US$ 6 bilhões pela Forbes
(cerca de R$ 10 bi).
De acordo com artigo publicado na "Semana", principal revista do país, "após
quatro horas de uma visita
planejada para durar uma,
Julio Mario Santo Domingo
disse a seu filho: "É assim que
os países dão passos adiante,
com projetos como esses. Temos que fazer algo'".
Em maio de 2010, o Centro
Cultural Biblioteca Pública
Julio Mario Santo Domingo
foi finalmente inaugurado. A
instituição, bancada com
uma doação de US$ 27 milhões de Santo Domingo, tem
470 postos de leitura e 36 mil
livros, além de dois teatros
-sendo um deles para a Filarmônica de Bogotá.
O projeto é do arquiteto
Daniel Bermudez, 59, que havia se encarregado, anteriormente, de fazer outras três bibliotecas da Biblored. "Seis
anos atrás, recebi um telefonema de Julio Mario Santo
Domingo, propondo que eu
fizesse a quarta megabiblioteca. Foi a primeira vez que vi
uma doação dessa magnitude na Colômbia. Me senti voltando à época do mecenato
renascentista", recordou à
Folha.
Bermudez sugeriu, de
pronto, que a biblioteca fosse acompanhada de um teatro. "Assim o lugar seria frequentado pela dama da elite,
que paga US$ 150 por um
concerto, e pela criança do
subúrbio, que não vê esse
montante em seis meses. A
arquitetura é mais sobre
pensamento que sobre desenho", ensina. O orçamento
triplicou. "Mas a família
nunca reclamou", completa.
O complexo cultural, que
é hoje administrado pelas secretarias municipais de Educação e Cultura, está localizado em uma avenida vazia,
entre Suba e Usaquén, bairros de classe média. "A ideia
é que a rua se encha de edifícios em alguns anos. Pensamos em um futuro próximo",
disse Bermudez.
Marcela Caro Sandoval,
diretora da biblioteca, diz
que o projeto não foi pautado apenas por classes sociais. "Se pensou em geografia. Em terrenos onde pudéssemos colocar uma biblioteca e um parque, em vez de
colocar apenas um parque."
Yolanda Nieto, diretora da
Biblored, defende a tese,
acrescentando: "Essas bibliotecas são programas sociais. Não foram feitas para
acadêmicos, mas para famílias. Tanto que os picos de
público ocorrem nos finais
de semana. As pessoas têm
ido passear nas bibliotecas".
Desde que foi aberta ao público, em maio, a Julio Mario
Santo Domingo recebeu 360
mil visitas.
No Brasil, a recém inaugurada Biblioteca de São Paulo,
construída sobre as ruínas do
presídio do Carandiru, recebeu 220 mil visitantes no
mesmo período.
Já os números da Biblioteca Nacional, no Rio, são dramáticos. Em 2009, o principal acervo bibliográfico do
país foi consultado por
85.298 pessoas.
(ROBERTO KAZ)
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