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CINEMA/ESTRÉIAS
"XUXA E OS DUENDES 2"
Xuxa vai ao cinema e leva sua fábula moral à televisão
MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
"Xuxa e os Duendes 2" é
mais um desses produtos
que chegam com cada vez mais
regularidade às salas de exibição,
um número maior a cada semana:
filmes que se parecem com o cinema, em alguns instantes são capazes de lembrar ou se aproximar
do cinema, mas que são apenas a
televisão filmada. Objetos limitados, travestis de tudo o que é -ou
poderia ser- cinematográfico.
A televisão quer sempre agradar
o público. O cinema, não. Ao menos aquele feito com um certo
grau de ambição; esperar mais,
exigir da televisão filmada o cinema, algo que ela não poderá jamais dar, é um sinal da crítica tanto impotente quanto tola. A questão passa então a ser outra: descobrir até onde essa TV pode ir.
"Xuxa e os Duendes 2" é um filme que pretende, sobretudo, ser
agradável, e o esquema no qual foi
montado é de uma simplicidade
quase militante: Xuxa é um duende. Xuxa é um duende que encontra o amor, e, como se não bastasse, tem uma outra missão: salvar o
mundo de um grupo de bruxas
-más como se deve- que pretende transformar em pedra o coração das pessoas apaixonadas.
A intenção é a criação de uma
fábula. Um conto moral sobre a
diversidade. O duende ama um
homem (comum, como mostra o
filme), e a questão é mostrar ao
público infantil que todas as diferenças não fazem, na verdade, diferença alguma.
As crianças -a probalidade é
no mínimo razoável- devem entender essa mensagem, porque
ela é repetida inúmeras vezes.
Quase a cada sequência, de infinitas maneiras. O didatismo conduz
tudo, dá o tom e a marca enquanto Xuxa procura se aperfeiçoar na
imagem de professora perfeita.
Para um público mais velho (isto é, com mais de oito anos), o divertimento está em outra parte.
Na mistura que "Xuxa e os Duendes 2" promove entre o que é fato
e ficção, marketing bem executado e coincidência favorável.
Xuxa interpreta, algo inevitável,
a si mesma, e seu interesse amoroso no filme é seu ex-marido
-que também interpreta a si
mesmo, em mais umas dessas fatalidades televisivas. O jogo é evidente. O flerte, na tela, constante.
Seria isso uma sugestão? É nessa
dúvida que "Xuxa e os Duendes
2" é quase cinema. Quando a realidade das fadas e duendes termina, e começa finalmente a grande
simulação.
Xuxa e os Duendes 2
Produção: Brasil, 2002
Direção: Paulo Sérgio Almeida e Rogério
Gomes
Com: Xuxa Meneghel, Luciano Szafir
Quando: a partir de hoje, nos cines
Central Plaza 2, Iguatemi 1 e circuito
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