São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIAS

"XUXA E OS DUENDES 2"

Xuxa vai ao cinema e leva sua fábula moral à televisão

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Xuxa e os Duendes 2" é mais um desses produtos que chegam com cada vez mais regularidade às salas de exibição, um número maior a cada semana: filmes que se parecem com o cinema, em alguns instantes são capazes de lembrar ou se aproximar do cinema, mas que são apenas a televisão filmada. Objetos limitados, travestis de tudo o que é -ou poderia ser- cinematográfico.
A televisão quer sempre agradar o público. O cinema, não. Ao menos aquele feito com um certo grau de ambição; esperar mais, exigir da televisão filmada o cinema, algo que ela não poderá jamais dar, é um sinal da crítica tanto impotente quanto tola. A questão passa então a ser outra: descobrir até onde essa TV pode ir.
"Xuxa e os Duendes 2" é um filme que pretende, sobretudo, ser agradável, e o esquema no qual foi montado é de uma simplicidade quase militante: Xuxa é um duende. Xuxa é um duende que encontra o amor, e, como se não bastasse, tem uma outra missão: salvar o mundo de um grupo de bruxas -más como se deve- que pretende transformar em pedra o coração das pessoas apaixonadas.
A intenção é a criação de uma fábula. Um conto moral sobre a diversidade. O duende ama um homem (comum, como mostra o filme), e a questão é mostrar ao público infantil que todas as diferenças não fazem, na verdade, diferença alguma.
As crianças -a probalidade é no mínimo razoável- devem entender essa mensagem, porque ela é repetida inúmeras vezes. Quase a cada sequência, de infinitas maneiras. O didatismo conduz tudo, dá o tom e a marca enquanto Xuxa procura se aperfeiçoar na imagem de professora perfeita.
Para um público mais velho (isto é, com mais de oito anos), o divertimento está em outra parte. Na mistura que "Xuxa e os Duendes 2" promove entre o que é fato e ficção, marketing bem executado e coincidência favorável.
Xuxa interpreta, algo inevitável, a si mesma, e seu interesse amoroso no filme é seu ex-marido -que também interpreta a si mesmo, em mais umas dessas fatalidades televisivas. O jogo é evidente. O flerte, na tela, constante.
Seria isso uma sugestão? É nessa dúvida que "Xuxa e os Duendes 2" é quase cinema. Quando a realidade das fadas e duendes termina, e começa finalmente a grande simulação.

Xuxa e os Duendes 2
  



Produção: Brasil, 2002
Direção: Paulo Sérgio Almeida e Rogério Gomes
Com: Xuxa Meneghel, Luciano Szafir
Quando: a partir de hoje, nos cines Central Plaza 2, Iguatemi 1 e circuito



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