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CINEMA/ESTRÉIA
"O TERNO DE DOIS BILHÕES DE DÓLARES"
Jackie Chan merecia coisa melhor
DO CRÍTICO DA FOLHA
A fórmula -síntese de "O
Terno de Dois Bilhões de
Dólares", "90% a roupa, 10% o
homem", é dada por Clark Devlin, o agente especial com quem
o chofer vivido por Jackie Chan
faz a sua aprendizagem de 007.
Considerando a roupa a que
Devlin se refere, a fórmula poderia ser aperfeiçoada para: "90% as
coisas, 10% o ser humano".
Armadura moderna, o terno
deveria servir ao homem que o
veste, mas age contra sua vontade.
Quando veste o terno do patrão,
Chan usa a identidade de Devlin
não só por inveja, mas também
porque essa identidade não é da
pessoa, mas da roupa.
Num mundo regido pelas coisas
(supercarros, superarmas, super-roupas), a vida torna-se um detalhe menor. Quando Chan cai do
alto de uma torre com o anel da
parceira Jennifer Love Hewitt, esta não lamenta por ele, mas pelo
anel. E esses são os heróis da fita.
Jackie Chan merecia coisa melhor. Alcançou o sucesso com o
suor de seu trabalho, sem nunca
precisar de efeitos especiais: sua
versão vulnerável e cômica de
Bruce Lee conquistou a América.
Seu novo filme americano, que
mistura "007" e "A Hora do
Rush", seria um veículo para o astro globalizado, mas essa relação
parece também ter sido invertida.
Não é senão Chan quem serve
aqui de veículo a "O Terno de
Dois Bilhões de Dólares".
(TIAGO MATA MACHADO)
O Terno de Dois Bilhões de
Dólares
The Tuxedo
Direção: Kevin Donovan
Produção: EUA, 2002
Com: Jackie Chan e Jennifer Love Hewitt
Quando: a partir de hoje nos cines
Eldorado 6, Paulista 2 e circuito
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