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"INSPETOR BUGIGANGA"
Filme é "Máscara" sem Jim Carrey; ou seja, nada
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
"Inspetor Bugiganga", filme para o verão brasileiro da Disney, é
claramente inspirado em "O Máscara". Mas o que seria de "Máscara" sem Jim Carrey ou, mais ainda, com Matthew Broderick em
seu lugar?
Não seria nada, não existiria.
Pois é esse Broderick carisma zero
quem personifica o tal inspetor
Bugiganga, um herói atrapalhado
que tem acopladas à sua composição óssea traquitanas e ferramentas diversas, como braços de mola
e um esguichador de óleo.
Inspirado no personagem homônimo do desenho animado
americano (e segundo "remake"
para cinema), ele poderia ser claramente o cruzamento de um
paspalhão americano médio com
um dos Herculóides, como o Homem-Mola (particularmente,
prefiro o Homem-Fluido).
Morre neves até aí. Com orçamento de US$ 75 milhões -US$
22 milhões recuperados no fim de
semana de lançamento, em julho,
nos EUA-, tem efeitos razoavelmente bem realizados; a narrativa
é veloz; é para ter um entrecho
também, e é por essa razão que
"Bugiganga" é iníquo.
Antes de ser Bugiganga, Broderick é Brown, um agente de segurança que sonha ser tira: quer salvar as pessoas. Quando morre,
torna-se aí Bugiganga, e vive a
combater o vilão algo afetado
Scolex (Rupert Everett, de "O Casamento de Meu Melhor Amigo"). Tudo se passa numa cidade
contemporânea americana, em
que a prefeita e o chefe de polícia,
à moda de "South Park", são os
personagens mais verossímeis e
dignos de análise.
A prefeita, Wilson, manipula
jornalistas, ri e gargalha para liderar as rodas de conversas e se diz,
de acordo com as conveniências,
mentora ou opositora de Bugiganga; o chefe de polícia vê em
Bugiganga uma "estratégia de
propaganda" da prefeita, relegando-o a missões menores dentro
da corporação.
Como a crítica caricatural dessas instituições chega ao espectador americano? Talvez ele já veja a
atitude de uma prefeita como
Wilson como perfeitamente normal, não por considerar que "as
coisas sempre foram assim" ou "o
poder corrompe", mas por, cria
de uma sociedade de entretenimento, simplesmente não ter
qualquer outra referência de
comportamento de um prefeito.
Certamente não é essa a discussão que "Bugiganga" quer provocar. Fica para outra. É pena que o
inspetor chegue aqui em sua dimensão longa-metragem. Se consultados, creio que preferiríamos
animação a Broderick.
Avaliação:
Filme: Inspetor Bugiganga (Inspector
Gadget)
Diretor: David Kellogg
Produção: EUA, 1999
Com: Matthew Broderick, Rupert
Everett, Joely Fisher
Onde: a partir de hoje, nos cines Center
Iguatemi 1, Jardim Sul - UCI 4, Top Cine 1
e circuito
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