São Paulo, Sexta-feira, 14 de Janeiro de 2000


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"INSPETOR BUGIGANGA"
Filme é "Máscara" sem Jim Carrey; ou seja, nada

PAULO VIEIRA
especial para a Folha

"Inspetor Bugiganga", filme para o verão brasileiro da Disney, é claramente inspirado em "O Máscara". Mas o que seria de "Máscara" sem Jim Carrey ou, mais ainda, com Matthew Broderick em seu lugar?
Não seria nada, não existiria. Pois é esse Broderick carisma zero quem personifica o tal inspetor Bugiganga, um herói atrapalhado que tem acopladas à sua composição óssea traquitanas e ferramentas diversas, como braços de mola e um esguichador de óleo.
Inspirado no personagem homônimo do desenho animado americano (e segundo "remake" para cinema), ele poderia ser claramente o cruzamento de um paspalhão americano médio com um dos Herculóides, como o Homem-Mola (particularmente, prefiro o Homem-Fluido).
Morre neves até aí. Com orçamento de US$ 75 milhões -US$ 22 milhões recuperados no fim de semana de lançamento, em julho, nos EUA-, tem efeitos razoavelmente bem realizados; a narrativa é veloz; é para ter um entrecho também, e é por essa razão que "Bugiganga" é iníquo.
Antes de ser Bugiganga, Broderick é Brown, um agente de segurança que sonha ser tira: quer salvar as pessoas. Quando morre, torna-se aí Bugiganga, e vive a combater o vilão algo afetado Scolex (Rupert Everett, de "O Casamento de Meu Melhor Amigo"). Tudo se passa numa cidade contemporânea americana, em que a prefeita e o chefe de polícia, à moda de "South Park", são os personagens mais verossímeis e dignos de análise.
A prefeita, Wilson, manipula jornalistas, ri e gargalha para liderar as rodas de conversas e se diz, de acordo com as conveniências, mentora ou opositora de Bugiganga; o chefe de polícia vê em Bugiganga uma "estratégia de propaganda" da prefeita, relegando-o a missões menores dentro da corporação.
Como a crítica caricatural dessas instituições chega ao espectador americano? Talvez ele já veja a atitude de uma prefeita como Wilson como perfeitamente normal, não por considerar que "as coisas sempre foram assim" ou "o poder corrompe", mas por, cria de uma sociedade de entretenimento, simplesmente não ter qualquer outra referência de comportamento de um prefeito.
Certamente não é essa a discussão que "Bugiganga" quer provocar. Fica para outra. É pena que o inspetor chegue aqui em sua dimensão longa-metragem. Se consultados, creio que preferiríamos animação a Broderick.


Avaliação:  

Filme: Inspetor Bugiganga (Inspector Gadget) Diretor: David Kellogg Produção: EUA, 1999 Com: Matthew Broderick, Rupert Everett, Joely Fisher Onde: a partir de hoje, nos cines Center Iguatemi 1, Jardim Sul - UCI 4, Top Cine 1 e circuito


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