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"O VÍRUS"
Clichês do "trash" à toda
especial para a Folha
"O Vírus", filme que estréia hoje
em São Paulo, é uma produção
100% "trash", com monstros repugnantes devorando humanos
indefesos e aqueles sustos previsíveis em que bichos saltam da escuridão na cabeça dos mocinhos.
O elenco é formado por atores
bons que já tiveram seus dias de
glória, como Donald Sutherland
("M.A.S.H.") e Jamie Lee Curtis
("Halloween", "True Lies"), e a
história é uma reciclagem pouco
inspirada de todos os clichês do
gênero "humanos enfrentam força malévola extraterrestre", o que
não deixa de ter lá o seu charme,
se você curte este tipo de filme.
A história começa quando uma
estranha força luminosa vinda do
espaço ataca um navio russo no
Oceano Atlântico. Os ETs matam
todo mundo e começam a construir robôs assassinos, misturando pedaços de corpos humanos
com acessórios mecânicos.
Alguns dias depois, o navio é interceptado por um rebocador, comandado por Donald Sutherland.
Daí em diante a história é bem
previsível: os tripulantes do rebocador passam a ser eliminados
(em ordem crescente de nível salarial, claro), até que alguém descobre uma maneira de destruir os
bichos.
Qualquer espectador vai perceber logo semelhanças com filmes
melhores como "Alien", "O Exterminador do Futuro", "O Segredo do Abismo" e outros. Pudera:
o diretor John Bruno foi técnico
de efeitos especiais de vários desses filmaços.
Infelizmente, Bruno não aprendeu muito. O que esses filmes tinham de divertidos, o dele tem de
previsível. Qualquer espectador
um pouco familiarizado com o
gênero consegue adivinhar com
precisão o desenrolar de todas as
cenas. Mas nem tudo é ruim: os
efeitos especiais são bacanas e o
filme é curtinho.
Os diálogos parecem ter sido
copiados de algum guia para escrever filmes B vagabundos: há o
inevitável "Se entrarmos aí, vamos morrer!", o inescapável "Tenho de chegar à cabine para destruir o monstro!" e o eterno "Fulano, cuidado! Atrás de você!".
Donald Sutherland, coitado,
passa o tempo todo com cara de
quem está pensando nas férias.
Sutherland, aliás, está caminhando rapidamente para ocupar o
posto de Michael Caine como o
maior colecionador de abacaxis
do cinema. Se Caine fez "Tubarão
4", em que o bicho só faltava sair
correndo pela areia atrás dos banhistas, pelo menos pode se orgulhar de nunca ter aparecido na pele de um ciborgue mutante com
um chapéu de marinheiro na cabeça, como fez Sutherland nesse
"O Vírus".
(AB)
Avaliação:
Filme: O Vírus (Virus)
Diretor: John Bruno
Produção: EUA, 1999
Com: Donald Sutherland, Jamie Lee
Curtis, William Baldwin
Onde: a partir de hoje, nos cines
Iguatemi 1, Cinearte 2 e circuito
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