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Violência é rotina e vira tema de peças
DA SUCURSAL DO RIO
Não bastasse a batida da
polícia interrompendo o
exercício das crianças de Caxias, outros episódios de violência fazem parte do cotidiano dos atores das companhias teatrais das favelas.
O grupo de Vila Vintém,
por exemplo, esconde a origem quando se apresenta
em áreas dominadas por
facções criminosas rivais
-a vila é área do TC (Terceiro Comando).
Usa apenas a sigla, TVV.
"Dizemos que é Teatro Viva
Vida. A gente não quer confusão", diz o diretor Otávio
Moreira. Uma das alunas é
moradora da Tijuca, área da
facção rival, o CV (Comando Vermelho). Para evitar
problemas, ninguém na favela sabe de onde ela vem.
Enquanto os atores da
companhia posavam para
fotos, um olheiro do tráfico
vigiava a rua, passando de
moto pelo local.
A rotina aparece também
nos espetáculos, que muitas
vezes falam de violência, desemprego e delinquência juvenil. Uma das dificuldades
para manter os jovens no
grupo, conta o diretor, é justamente o apelo da rua. "A
rua é sedutora", diz Moreira.
As crianças têm ordem dos
pais para, em caso de tiroteio, voltar para casa correndo. Ana Beatriz da Silva Noé,
9, diz que, em muitas noites,
acorda ouvindo tiros na rua.
Numa dessas noites, conta,
desceu de seu beliche e ocupou a cama de baixo. De manhã, acordou e viu uma bala
na cama de cima.
(FE)
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