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Virgínia Rosa celebra Monsueto em CD
Cantora interpreta músicas do carioca, como "Mora na Filosofia" e "A Fonte Secou", no álbum "Baita Negão"
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de contribuir com o
verso "vale a pena não dormir
para esperar" no samba-canção
"Faz Escuro Mas Eu Canto",
que compôs em três dias de
1964 com o poeta Thiago de
Mello, o sambista Monsueto
sentiu falta de algo. Quis incluir
um "cochila" na pausa após o
"esperar". "Cansa demais a noite inteira sem dormir", tentou
justificar, "uma cochilada alivia
e dá força à esperança".
A soneca ficou de fora da versão final, mas era sempre lembrada por refugiados que, no
Chile, se fiavam naquela canção
de esperança em tempos de ditadura no Brasil. Quase 45 anos
depois, a história é contada pelo co-autor no encarte de "Baita
Negão", de Virgínia Rosa.
O quarto álbum da cantora
paulista contempla em 11 faixas
sambas feitos (alguns em parcerias) pelo compositor, cantor, ator e pintor carioca Monsueto Menezes (1924-1973). No
disco, gravado com patrocínio
da Petrobras, Virgínia busca
ressaltar a verve criativa do Comandante -como era conhecido, graças a esquetes que fazia
na TV Rio-, que lançou gírias
como "morou?" e "diz aí".
"Ele era uma figura interessantíssima", diz a cantora, "e,
embora suas músicas sejam conhecidas nas vozes de gente como Caetano ["Mora na Filosofia", de Monsueto e Arnaldo
Passos] e Alaíde Costa e Milton
Nascimento ["Me Deixa em
Paz", com Ayrton Amorim],
pouca gente se lembra dele".
Resultado, talvez, da escassa
discografia do sambista, que teve apenas um álbum lançado
em vida, "Mora na Filosofia dos
Sambas de Monsueto", de 1962,
e uma coletânea póstuma,
"Raízes do Samba", de 2000.
Em "Baita Negão", Virgínia
interpreta, além das canções já
citadas, sambas como "Lamento da Lavadeira" (que entrou
em medley com "Ensaboa", de
Cartola, no disco "Mais", de
Marisa Monte) e "Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo"
(também gravada por Caetano,
em "Araçá Azul") -nesta última, Martinho da Vila divide os
vocais com a cantora.
Para dar a dimensão da "multiplicidade" de Monsueto, convidou 11 produtores, um para
cada faixa, incluindo Celso
Fonseca (em "Mora na Filosofia"), Jair de Oliveira ("A Fonte
Secou") e Proveta (no pot-pourri final, com participação
de Oswaldinho da Cuíca).
"Queria que o CD refletisse essa pessoa versátil que era o
Monsueto", diz, sobre os vários
produtores. "Mas, claro, pus ali
muito da minha personalidade,
que, modéstia à parte, é forte
como a dele."
BAITA NEGÃO
Artista: Virgínia Rosa
Gravadora: Selo Sesc
Quanto: R$ 10 (em unidades do Sesc
SP ou em www.sescsp.org.br/sesc)
Lançamento: 29 e 30/1, às 21h, no
Sesc Pompeia (r. Clelia, 93, tel. 0/ xx/
11/3871-7700; R$ 4 a R$ 16; não indicado a menores de 12 anos)
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