São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

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Senso de realidade é a tendência no Fashion Rio

Grifes de streetwear adaptam moda a tempos de crise

ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Em clima de altíssimo verão, com os termômetros da avenida Atlântica passando dos 35 graus, o Fashion Rio deu, no domingo, o start na temporada outono-inverno 2009. Nas passarelas, porém, a temperatura criativa variou bastante, do pior ao melhor.
O melhor foram as grifes dedicadas ao streetwear, que apresentaram bons desfiles, coesos e realistas para estes tempos de crise.
Sob o comando do estilista alemão Jurgen Oeltjenbruns, a Redley aliou de maneira muito feliz as invenções no design com materiais viáveis para o bolso dos brasileiros.
Os moletons e as sarjas ganharam boa estamparia camuflado-floral e texturas variadas, imitando folhas secas e troncos de árvore. A pesquisa "naturalista", com um rico trabalho de cores outonais, ficou mais fácil de compreender graças ao local do desfile, a paradisíaca floresta da Tijuca.
A pegada artesanal ganhou força no impecável trabalho de tricôs de lã, patchworks e macramê. Os shapes retos, na linha dos uniformes militares, apareceram tanto na alfaiataria masculina quanto na feminina e dividiram espaço com calças folgadas e vestidos soltos.
A TNG, que teve o galã Cauã Reymond dando pinta na passarela, mostrou o que de melhor sabe fazer: muito jeans, em jaquetas, macacões, calças e até ternos. Para completar, sarja colorida, camisaria básica e moletom, ou seja, o time de ouro que faz e acontece nos guarda-roupas da maioria da população e movimenta os caixas das lojas.
A jornalista Regina Guerreiro, consultora de estilo da TNG há três coleções, entrou pela primeira vez na passarela para os agradecimentos finais, assumindo de vez a função.
Outro destaque dos dois primeiros dias do Fashion Rio foi a grife Homem de Barro (do núcleo de novos estilistas), com seu inverno muito romântico e cheio de personalidade, inspirado no personagem Tistu, "o menino do dedo verde", do livro de Maurice Druon. Aplicações em tricôs aconchegantes, estamparia correta e muita bossa sem boçalidade.
Em meio a alguns delírios que pontuaram os primeiros dias, merecem atenção certos tropeços e recomeços.
A Santa Ephigênia, que fez um bom desfile no verão, desta vez perdeu o fôlego, indecisa entre assumir a inspiração étnica da coleção (a África) e manter a afetação de luxo.
A Mara Mac deu um pequeno passo à frente, ao limpar a silhueta e baixar o tom das estampas. Só falta agora reciclar a imagem, um tanto antiquada.
Entre as tendências no Fashion Rio, uma já se destaca: o senso de realidade deve ser o "must-have" da nova estação.


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