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Senso de realidade é a tendência no Fashion Rio
Grifes de streetwear adaptam moda a tempos de crise
ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Em clima de altíssimo verão,
com os termômetros da avenida Atlântica passando dos 35
graus, o Fashion Rio deu, no
domingo, o start na temporada
outono-inverno 2009. Nas passarelas, porém, a temperatura
criativa variou bastante, do
pior ao melhor.
O melhor foram as grifes dedicadas ao streetwear, que
apresentaram bons desfiles,
coesos e realistas para estes
tempos de crise.
Sob o comando do estilista
alemão Jurgen Oeltjenbruns, a
Redley aliou de maneira muito
feliz as invenções no design
com materiais viáveis para o
bolso dos brasileiros.
Os moletons e as sarjas ganharam boa estamparia camuflado-floral e texturas variadas,
imitando folhas secas e troncos
de árvore. A pesquisa "naturalista", com um rico trabalho de
cores outonais, ficou mais fácil
de compreender graças ao local
do desfile, a paradisíaca floresta da Tijuca.
A pegada artesanal ganhou
força no impecável trabalho de
tricôs de lã, patchworks e macramê. Os shapes retos, na linha dos uniformes militares,
apareceram tanto na alfaiataria
masculina quanto na feminina
e dividiram espaço com calças
folgadas e vestidos soltos.
A TNG, que teve o galã Cauã
Reymond dando pinta na passarela, mostrou o que de melhor sabe fazer: muito jeans, em
jaquetas, macacões, calças e até
ternos. Para completar, sarja
colorida, camisaria básica e
moletom, ou seja, o time de ouro que faz e acontece nos guarda-roupas da maioria da população e movimenta os caixas
das lojas.
A jornalista Regina Guerreiro, consultora de estilo da TNG
há três coleções, entrou pela
primeira vez na passarela para
os agradecimentos finais, assumindo de vez a função.
Outro destaque dos dois primeiros dias do Fashion Rio foi a
grife Homem de Barro (do núcleo de novos estilistas), com
seu inverno muito romântico e
cheio de personalidade, inspirado no personagem Tistu, "o
menino do dedo verde", do livro de Maurice Druon. Aplicações em tricôs aconchegantes,
estamparia correta e muita
bossa sem boçalidade.
Em meio a alguns delírios
que pontuaram os primeiros
dias, merecem atenção certos
tropeços e recomeços.
A Santa Ephigênia, que fez
um bom desfile no verão, desta
vez perdeu o fôlego, indecisa
entre assumir a inspiração étnica da coleção (a África) e
manter a afetação de luxo.
A Mara Mac deu um pequeno
passo à frente, ao limpar a silhueta e baixar o tom das estampas. Só falta agora reciclar a
imagem, um tanto antiquada.
Entre as tendências no Fashion Rio, uma já se destaca: o
senso de realidade deve ser o
"must-have" da nova estação.
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