Mexer com clássicos é sempre um risco. Que o digam Larry Harmon e John Cherry, os diretores que tiveram a idéia de adaptar para os anos 90 uma das maiores duplas cômicas da história do cinema, o Gordo e o Magro. Por que mexer com uma coisa perfeita?
"As Novas Aventuras do Gordo e o Magro" traz Bronson Pinchot (o engraçado gay de "Um Tira da Pesada") no papel do Magro, Stan Laurel, e Gailard Startain ("Tomates Verdes Fritos") interpretando Oliver Hardy, o Gordo. A coisa poderia ser até engraçada se fosse um quadro para o "Saturday Night Live" ou "Casseta e Planeta", mas aturar 80 minutos disso é dose para leão.
Os atores até que fazem imitações ótimas dos personagens. No início, é engraçado ver o Gordo mexendo na gravata toda vez quer está galanteando uma moça, ou o Magro gaguejando e perdendo-se em frases ininteligíveis. Mas a graça acaba depois de alguns minutos. Ficamos apenas com uma história pouco inspirada, recheada de "gags" repetidas desde os anos 20. E ver as trapalhadas da dupla em cores não tem a mesma graça.
A história, como todos os filmes originais de Laurel e Hardy, é um besteirol: o Gordo se apaixona pela filha de um famoso egiptólogo (F. Murray Abraham, de "Amadeus") e acaba encarregado de transportar as tumbas de um faraó para uma exposição. A confusão começa quando os trapalhões despertam uma múmia de 3.000 anos.
O grande barato dos filmes de Laurel e Hardy era justamente ver dois adultos comportando-se como crianças, batendo um no outro e dormindo juntos na mesma cama, metidos em pijaminhas ridículos. Tirar os personagens do contexto em que foram criados, ou seja, os anos 20 e 30, e transportá-los para a época atual cria uma estranheza que tira muito do charme da dupla. Ficam ridículos, totalmente deslocados.
Todos os filmes inspirados em séries ou desenhos animados antigos ("Os Flintstones", "Mr. Magoo") perdem para os originais e suscitam mais nostalgia pelo passado. Com o Gordo e o Magro não é diferente. Se esse filme servir para renovar o interesse pelo trabalho de Laurel e Hardy, muito bem.
Mas não dá para compará-lo com o original (AB)

Avaliação: