LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Chega hoje ao final um dos maiores dramas (no sentido de catástrofe...) na história das novelas das oito da Rede Globo.
Em seu último capítulo, "Esperança" já fará muito se conseguir uma média de audiência em torno de 45 pontos, 17 a menos que o alcançado por sua antecessora, "O Clone", no encerramento (cada ponto no Ibope equivale a cerca de 47,5 mil domicílios na Grande São Paulo).
Com uma média total de cerca de 40 pontos, a trama decepcionou com relação ao Ibope no mesmo momento em que as outras duas novelas da emissora (a das seis e a das sete) também patinavam. E deixou no ar uma dúvida: será que a teledramaturgia estaria em crise?
Mas a Globo não enfrentou "apenas" problemas com a audiência de "Esperança". Viveu também, com Benedito Ruy Barbosa, o autor da novela, um sufoco sem precedentes no seu departamento de produção.
Com a saúde e a relação com a emissora debilitadas, o escritor chegou a entregar alguns capítulos no mesmo dia em que seriam exibidos -normalmente, grava-se com mais de uma semana de antecedência.
Sendo assim, os atores só tinham tempo para dar uma lida e já eram obrigados a ir para a frente das câmeras. Quando a confusão atingiu o auge, o primeiro bloco da novela foi editado 20 minutos antes de entrar no ar.
Benedito saiu, entrou Walcyr Carrasco e, com ele, mais confusão no enredo já sem pé nem cabeça. O que seria uma obra de arte, com textos elaborados e direção cinematográfica de Luiz Fernando Carvalho -para se contrapor ao melodrama batido de Glória Perez- transformou-se em um grande mico.
No capítulo final, mais e mais reviravoltas. O tempo vai passar. Fernanda Montenegro, que morrera nos primeiros dias, voltará, virão netos e bisnetos de Tony (Reynaldo Gianecchini) e Maria (Priscila Fantin), e, quando vier o "fim", o telespectador deve se preparar para estar ainda mais constrangido do que o próprio Benedito Ruy Barbosa.