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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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Dogma pop

Divulgação
Sharin Foo e Sune Rose Wagner, que formam a dupla The Raveonettes



Com músicas compostas apenas em si menor, The Raveonettes quer confirmar a hegemonia das duplas em 2003


DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Jack White, do duo White Stripes, foi eleito o "cara mais cool do mundo" pela "NME" no ano passado. O Radiohead, prestes a lançar novo disco, já começa a dar nó na matemática para provar que "2 + 2 = 5", e não se fala mais nisso. E então duas das revistas mais respeitadas da música pop, a americana "Rolling Stone" e a inglesa "Q Magazine", cravam: The Raveonettes é "a" dupla de 2003.
Quem?! Sune Rose Wagner, 29 anos, sexo masculino, guitarra e voz, e Sharin Foo, 27, sexo feminino, baixo e voz, (outra) dupla de garage rock, dinamarquesa, responsável pelo EP "Whip it On", lançado em dezembro passado sob o selo da poderosa Columbia.
Mas, cuidado, na era pós-Strokes, quando todo acorde de guitarra precisa vir acompanhado de um novo penteado devidamente escolhido por uma consultora de moda, cada passo deste The Raveonettes precisa ser -e é- muito bem estudado: "Para gravar "Whip it On" a gente criou uma série de regras, que resolvemos chamar de "dogmas". Todas as músicas precisariam ser curtas, compostas em si menor e com os mesmos três acordes", resume, num inglês educado, falando à Folha de um hotel em New Castle, Inglaterra, a baixista Sharin.
Soa um tanto repetitivo, como um disco inteiro de "Head On"s, do Jesus and Mary Chain. "Oh, é justamente aonde a gente quer chegar", diverte-se. "Queremos que as pessoas sejam forçadas a criar uma relação mais íntima com as músicas para descobrir a diferença entre cada uma delas."
Mulher e homem, música e visual, Dinamarca e dogmas. Na receita de criação da dupla, da mesma terra de Lars von Trier, Thomas Vinterberg e do movimento Dogma 95, vai incluída uma boa pitada de cinema. Americano.
"Usamos como referências os filmes B e noir das décadas de 50 e 60, a literatura beat de Jack Kerouac, as go-go girls e as bandas de garotas da década de 70", enumera a estilosa baixista, fã de Buddy Holly e logo comparada a Debbie Harry pelo ex-produtor do Blondie Richard Gottehrer.
"Na Dinamarca as pessoas não gostam muito da gente. Fazem críticas negativas ao nosso disco. Eu e Sune buscamos inspiração viajando pelo mundo. "Whip it On" foi composto em uma viagem que ele fez por Las Vegas, Los Angeles e Nova York", fala a baixista.
Nem precisa dizer. Só o vídeo de "Attack of the Ghost Riders" ou a letra de "Cops on Our Tail" ("Dirigir pelo deserto parece legal/ Indo para um lugar onde as luzes brilham sempre") já bastariam.
Com um novo disco debaixo do braço -agora gravado inteiro em si maior- e abrindo shows para Supergrass, Interpol e outros bambas do "novo rock", o duo só teme uma coisa, a pecha de cópia dos White Stripes. "A única semelhança é que eles também são uma garota e um cara. Não acho que nossa música seja parecida. Você acha?". Também não.

WHIP IT ON. The Raveonettes. Gravadora: Columbia/Sony. Preço: US$ 7,99 (www.amazon.com).


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